Caso raro destaca risco de melanoma decorrente de queimadura - Oncologia Brasil

Caso raro destaca risco de melanoma decorrente de queimadura

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Relato de caso e revisão destacam aspectos histopatológicos e genéticos da condição 

 

Lesões crônicas de pele, como cicatrizes de queimaduras, apresentam aumento do risco, embora raro, de evolução para malignidades cutâneas. Entre essas, o melanoma maligno é a complicação menos comum, com menos de 50 casos relatados mundialmente. Um estudo publicado recentemente aborda um caso raro dessa condição, destacando desafios diagnósticos e os avanços nos exames histopatológicos e genéticos que auxiliam na confirmação do diagnóstico.
O estudo descreve o caso de um homem de 73 anos com histórico de queimadura na infância que desenvolveu uma úlcera não pigmentada sobre uma cicatriz linear no tórax. Durante anos, a região foi monitorada devido às recorrentes ulcerações crônicas, tratadas com esteroides tópicos. Contudo, há pouco tempo, a ulceração apresentou piora progressiva, levando à realização de uma biópsia, que revelou características histológicas sugestivas de melanoma, com melanócitos atípicos, invasão dérmica e índice proliferativo elevado, confirmado pela expressão de Sox10, HMB45, Melan-A e PRAME (Preferentially expressed antigen in melanoma). Análises adicionais por hibridização in situ fluorescente (FISH) identificaram anormalidades genéticas em RREB1, MYC e CCND1, corroborando o diagnóstico.
Malignidades surgem em cicatrizes de queimaduras em cerca de 2% dos casos, sendo os carcinomas de células escamosas os mais frequentes, seguidos pelos carcinomas basocelulares e os melanomas. Além disso, sugere-se que a latência média entre a queimadura e a malignidade é maior que 30 anos. A patogênese exata permanece indefinida, mas possivelmente envolve a perda da vigilância imunológica e a inflamação crônica. Fatores como a expressão de PRAME e mutações em genes relacionados à carcinogênese, como CDKN2A e CCND1, oferecem pistas importantes sobre o comportamento agressivo dos melanomas em cicatrizes. Estudos mostram que esses casos de melanomas geralmente apresentam profundidades de Breslow maiores do que aqueles em peles pós-fotoexposição, o que pode explicar os piores prognósticos associados.
Este caso sublinha a importância de um acompanhamento cuidadoso de pacientes com queimaduras antigas e feridas crônicas. Inspeções regulares dessas áreas para identificar alterações suspeitas, como ulcerações persistentes ou lesões pigmentadas, são essenciais. O uso de ferramentas avançadas como FISH e PRAME pode melhorar significativamente a precisão diagnóstica, particularmente em casos com histologia incerta.
Embora raro, o melanoma em cicatrizes de queimaduras representa um desafio significativo devido à sua apresentação tardia e profundidade geralmente maior ao diagnóstico, resultando em piores prognósticos. Este caso destaca a necessidade de maior conscientização entre médicos e pacientes sobre os riscos de malignidade em cicatrizes antigas, promovendo diagnósticos precoces e intervenções adequadas. 

 

Referências: 

Ma E, Ge S, Rush WL, Allbritton J. Malignant melanoma arising in a burn scar. Arch Dermatol Res. 2024 May 2;316(5):146. doi: 10.1007/s00403-024-02861-0. PMID: 38696005. 

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