Classificação molecular como preditor de eficácia da radioterapia em câncer de endométrio endometrioide early-stage - Oncologia Brasil

Classificação molecular como preditor de eficácia da radioterapia em câncer de endométrio endometrioide early-stage

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Classificação molecular das coortes dos estudos PORTEC-1 e PORTEC-2 demonstram o potencial dessa ferramenta em predizer sobrevida a tratamentos com radioterapia (pélvica e braquiterapia vaginal), sendo que tumores p53abn e NSMP melhor se beneficiam desses regimes terapêuticos 

 

O câncer de endométrio (EC) pode ser classificado em 4 subtipos moleculares que apresentam diferentes prognósticos sendo os subtipos do melhor ao pior prognóstico: mutação patogênica em DNA polymerase-ϵ (POLEmut EC); deficiência em mismatch repair (MMRd EC); anormalidade em p53 (p53abn EC); perfil molecular não especificado (NSMP EC) cujo prognóstico depende do estadiamento da doença. Essa classificação molecular apresenta valor preditivo de benefício à quimioterapia em tumores de alto risco, no entanto, seu valor preditivo com relação à eficácia da radioterapia ainda não está bem elucidado, porém estudos sugerem que algumas das alterações moleculares podem conduzir a uma radiossensibilidade. 

Frente a esse knowledge gap, Nanda Horeweg e demais investigadores avaliaram o valor preditivo dessa classificação molecular em dois grandes clinical trials envolvendo a utilização de radioterapia em mulheres com EC endometrioide early-stage de risco intermediário/alto. Os estudos utilizados, PORTEC-1 (n=714) e PORTEC-2 (n=427) avaliaram a radioterapia pélvica (EBRT) vs. tratamento adjuvante e braquiterapia vaginal (VBT) vs. EBRT, respectivamente. Foram classificadas molecularmente 880 pacientes (PORTEC-1, n= 484; PORTEC-2, n=396) que tiveram a sobrevida livre de recorrência (SLR) comparada entre grupos de tratamento dentre os quatro grupos moleculares. 

A coorte compreendeu maioria (97,2%) de câncer de endométrio endometrioide estadiamento I (FIGO-2009) e a mediana de follow-up foi de 11,3 anos. Com relação à SLR, não foram observadas recorrências em POLEmut EC e em MMRd EC a sobrevida livre de recorrência locorregional foi similar entre ERBT (94,2%), VBT (94,2%) e sem terapia adjuvante (90,3%; p=0,74). Quando avaliada o grupo p53abn EC, o tratamento ERBT apresentou melhores taxas de SLR (96,9%) em relação ao VBT (64,3%) e sem terapia adjuvante (72,2%; p=0,048). Por fim, avaliando o grupo NSMP EC, ambos os tratamentos com radioterapia apresentaram melhor controle de recorrência locorregional do que o grupo sem terapia adjuvante (87,7%; p<0,0001). 

Os resultados da presente análise demonstram o potencial da classificação molecular na predição de resposta à radioterapia no tratamento de pacientes com câncer de endométrio endometrioide. Com relação a cada subtipo, a radioterapia aparenta ser seguramente dispensável em POLEmut, e tem potencial limitado em MMRd. No entanto, em p53abn, a ERBT apresenta um bom controle da recorrência locorregional, terapia essa que também oferece benefícios ao grupo NSMP, também beneficiado pela VBT. 

 

Referência

Horeweg N, Nout RA, Jürgenliemk-Schulz IM, et al. Molecular Classification Predicts Response to Radiotherapy in the Randomized PORTEC-1 and PORTEC-2 Trials for Early-Stage Endometrioid Endometrial Cancer. J Clin Oncol. 2023. 

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