Estudo publicado no Clinical Journal Of Oncology Nursing busca fatores determinantes na continuidade da prática de atividade física supervisionada por pacientes oncológicos. Traz a implicação prática de que incentivar os pacientes a participar de programas de reabilitação do câncer pode resultar em benefícios físicos e psicológicos
Os benefícios decorrentes da prática de exercícios físicos são bem documentados e incluem redução de ansiedade, queda de sintomas depressivos e fadiga, além da melhora de qualidade de vida e função física. Ainda, é estimado que em 2030 cerca de 22,2 milhões de pessoas nos EUA terão algum histórico de câncer, segundo o NCI – National Cancer Institute. Mesmo diante desses fatos, metade dos pacientes oncológicos não completam os programas de exercícios supervisionados, e 50% dos idosos que os completam param de se exercitar após nove meses, em geral, afetados por condições médicas, barreiras físicas e sociais. Além disso, a escassez de estudos específicos para entender pontos chave que levam a esse abandono torna difícil a intervenção por parte das equipes de saúde. Diante de tudo isso, esse estudou busca entender esses fatores de influência utilizando a teoria do comportamento planejado (TCP).
Este estudo foi composto de uma pesquisa e coleta de dados pré e pós programa de reabilitação oncológica. Para serem elegíveis, os pacientes deveriam ter mais de dezoito anos e serem participantes atuais ou com conclusão máxima há 6 meses de um programa de reabilitação oncológica, subdividido em doze sessões. Após conclusão do programa, 46 pacientes idade mediana de 69,45 anos, 25 deles mulheres, em sua maioria casados, desempregados e não hispânicos, responderam a um questionário. Esse questionário era de base populacional e elaborado utilizando a TCP, incluindo atitude, norma subjetiva e controle do comportamento, analisados segundo as correlações de Pearson e de acordo com uma escala do tipo Likert de sete pontos, sendo algumas avaliações com pontuação reversa. Neste questionário também houve autorrelatos de itens como situação de emprego atual, estado civil, renda familiar anual, nível educacional e tipo de tratamento de câncer recebido.
Durante a reabilitação oncológica, a função física dos pacientes foi avaliada por meio do teste da caminhada de seis minutos, força de preensão palmar e do teste de levantar e sentar, com resultados demonstrando melhora na resistência cardiovascular e muscular. Nos itens depressão e fadiga também houve melhora significativa, utilizando como parâmetro o próprio questionário de saúde do paciente e a Escala de Fadiga de Câncer de Schwartz.
Após o final das sessões de reabilitação, 33 pacientes renovaram sua adesão ao programa e cerca de 28 relataram que planejavam continuar se exercitando, porém, um grupo maior relatou que continuariam sozinhos, e um grupo menor relatou que seguiria seus exercícios na companhia de familiares, amigos, com auxílio de personal trainers ou ginástica em grupo. Quando questionados abertamente sobre outros fatores determinantes na sua intenção de se exercitar, 19 deles citaram temas recorrentes como autoestima, horários familiares e de tratamento.
Analisando os três fatores que constituem a TCP, os pesquisadores identificaram que a atitude do indivíduo, ou seja, o quão benéfico ou importante ele acredita que o exercício é, teve a correlação mais importante com a intenção de se exercitar. Foi observado também que aqueles que viam a prática de atividades físicas como algo divertido e agradável eram os que possuíam maior motivação para se exercitar no próximo mês. A norma subjetiva ou pressão social, determinada como a opinião de pessoas do círculo social do indivíduo, também foi um fator importante para a continuidade dos exercícios supervisionados. Foram também apontados os fatores que afetam o controle de comportamento percebido em torno do exercício. Estes incluíam custo, tempo, local e ambiente, no entanto, eles não tiveram grande influência na intenção de se exercitar, fato potencialmente relacionado com o alto nível socioeconômico dos participantes.
Assim, apesar das limitações de um grupo amostral pequeno e representativo apenas de uma população mais velha e de nível socioeconômico privilegiado, este estudo demonstrou pontos chave para que os profissionais de saúde saibam incentivar a prática de atividade física em pacientes oncológicos. Para isso, ficou exposto que é necessário instruir os pacientes acerca dos benefícios para saúde física e mental trazidos pela atividade física, além tornar sua execução mais prazerosa, com foco no encorajamento, não só do paciente, mas também de seus familiares e amigos.
Referências:
Taschner C. M, et al.Examining Contributors to Intentto Continue Exercising in Patients With Cancer in Rehabilitation. Clinical Journal of Oncology Nursing. February 2022, VOL. 26, NO. 1 . doi: 10.1188/22.CJON.78-85
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Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
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