Biópsias líquidas baseadas em DNA tumoral circulante (ctDNA) estão sendo investigadas para a detecção de doença residual e recidiva
Apresentado durante o Congresso Mundial da ASCO 2021, um estudo avaliou o uso de biópsias líquidas baseadas em ctDNA no câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) em estádio inicial para a detecção de doença residual ou recidiva tumoral. Devido aos baixos níveis de ctDNA na doença inicial ou pós-tratamento, métodos de alta sensibilidade analítica para detectar frações alélicas mutantes (MAF) abaixo de 0,01% são necessários.
Foram analisadas 363 amostras de plasma de 88 pacientes com CPNPC recrutados para o estudo LUCID (LUng cancer CIrculating tumor DNA), com doença estádio I (49%), II (28%) e III (23%). 62% eram adenocarcinomas. O plasma foi coletado antes e após o tratamento, assim como aos três, seis e nove meses após a cirurgia (N = 69) ou quimiorradioterapia (N = 19). Plasma adicional foi coletado na recidiva da doença em 17 pacientes.
O acompanhamento médio foi de três anos e 40 pacientes progrediram ou morreram de qualquer causa. O RaDaR, um ensaio personalizado altamente sensível, que usa sequenciamento profundo de até 48 variantes específicas do tumor, foi utilizado. Variantes identificadas por análise de exoma foram testadas por sequenciamento a partir de tecido tumoral e de DNA leucocitário a fim de verificar mutações somáticas e excluir hematopoiese clonal. O ensaio RaDaR demonstrou sensibilidade de 90% a 0,001% MAF em estudos de validação analítica.
Resultados:
O ctDNA foi detectado em 26% das amostras, com MAF médias de 0,047%, e antes do tratamento em 87%, 77% e 24% para os tumores estádios III, II e I, respectivamente. Para 62 pacientes, o plasma foi coletado em um ponto de referência entre duas semanas e quatro meses após o tratamento inicial, sendo que a detecção de ctDNA nesse período foi fortemente preditiva de recidiva da doença clínica, com hazard ratio de 20,7 (p < 0,0001).
Todos os 11 casos com ctDNA detectado no ponto de referência tiveram progressão de doença (média de 121 dias para a detecção clínica), e esses incluíram todos os oito pacientes que apresentaram recidiva dentro de 300 dias de tratamento.
Em 27 pacientes cuja doença progrediu durante o estudo, o ctDNA foi detectado em 17 casos em qualquer período de tempo pós-tratamento (média de 203 dias; tempo máximo observado de 741 dias antes da progressão clínica).
Os autores afirmam que tais resultados apoiam uma mudança de paradigma emergente, demonstrando que as biópsias líquidas podem detectar com segurança a recidiva do CPNPC em um estágio pré-clínico, muitos meses antes da progressão clínica, oferecendo a oportunidade de intervenção terapêutica precoce.
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