Desfechos da radiocirurgia estereotáxica vs radioterapia de cérebro inteiro (WBRT) em pacientes com câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) e doença metastática intracraniana (IMD) - Oncologia Brasil

Desfechos da radiocirurgia estereotáxica vs radioterapia de cérebro inteiro (WBRT) em pacientes com câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) e doença metastática intracraniana (IMD)

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Trabalho apresentado na Asco Annual Meeting 2022 traz uma revisão sistemática e metanálise, que fornece evidências de que radiocirurgia estereotáxica pode alcançar resultados de sobrevida análogos em comparação com radioterapia de cérebro inteiro em pacientes com câncer de pulmão de células pequenas com doença metastática intracraniana, indicando que um subconjunto de pacientes CPCP pode se beneficiar do tratamento SRS de primeira linha. 

A doença metastática intracraniana (DMI) é uma complicação grave e indutora de mortalidade em pacientes com câncer. Os pacientes com câncer de pulmão de células pequenas (CPCP) apresentam um alto risco de doença metastática intracraniana, quando comparado com outros tipos de câncer de pulmão. Dada a alta incidência e rápida progressão da DMI, além da baixa sobrevida nessa população, pacientes com a doença em estágio limitado e boa resposta ao tratamento sistêmico geralmente recebem irradiação craniana profilática após o tratamento primário, que demonstrou reduzir a incidência de DMI e melhorar a sobrevida global.  

Embora a radiocirurgia estereotáxica (SRS) tenha suplantado a radioterapia de cérebro inteiro (WBRT) como tratamento de primeira linha para pacientes com metástases cerebrais limitadas (≤4) na maioria das malignidades sólidas, a WBRT continua sendo o tratamento mais utilizado em pacientes com câncer de pulmão de pequenas células. O porque dessa diferença de tratamento de primeira linha com SRS em DMI em pacientes com CPCP não está devidamente esclarecida. Nesse contexto, K. G. BMath e colaboradores trouxeram para a Reunião Anual ASCO 2022 os dados sobre SRS em CPCP são limitados a pequenos estudos retrospectivos oriundos de uma revisão sistemática e metanálise.  

Para as análises, foram selecionados estudos que relatam SRS em pacientes com CPCP com DMI. Foram coletados das fontes EMBASE, MEDLINE, CENTRAL e da literatura cinza (n = 3.732 estudos). Meta-análises de efeitos aleatórios agruparam taxas de risco (HR) para sobrevida global (SG) entre SRS e WBRT ± SRS boost, bem como medianas para SG em meses e taxas de risco para controle intracraniano local (LC) e intracraniano à distância (DC) em estudos SRS de braço único. 

Os resultados encontrados foi que a mediana de SG após SRS não foi inferior em comparação com WBRT ± SRS boost (HR 0,90; IC95% 0,73 – 1,10; n = 7 estudos; n = 18.130 pacientes), porém a SG foi superior em comparação com WBRT sozinho (HR 0,80; IC95%, 0,66 – 0,96; n = 7 estudos; n = 16.961 pacientes). A SG mediana agrupada de estudos de braço único após SRS foi de 8,99 meses (IC95%, 7,86 – 10,15; n = 14 estudos; n = 1.682 pacientes). As estimativas agrupadas de LC e DC após SRS foram de 81% (IC95% 67% – 99%) e 66% (IC95% 50% – 86%), respectivamente, aos 6 meses e 78% (IC95% 61% – 98%) e 58% (IC95% 46% – 75%), respectivamente, aos 12 meses. 

Os autores concluíram que esta revisão sistemática e metanálise fornece evidências de que SRS pode alcançar resultados de sobrevida análogos em comparação com WBRT em pacientes com CPCP e DMI, indicando que um subconjunto de pacientes CPCP pode se beneficiar do tratamento SRS de primeira linha. Salientaram que ensaios prospectivos devem investigar o impacto da carga metastática, bem como as diferenças de LC e DC entre pacientes com CPCP tratados com WBRT e SRS. 

 

Referência:  

1 – Abstract 8570 – Karolina Gaebe et al. Stereotactic radiosurgery (SRS) versus whole brain radiation therapy (WBRT) in patients with small cell lung cancer (SCLC) and intracranial metastatic disease (IMD): A systematic review and meta-analysis. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 16; abstr 8570). 2022 ASCO Annual Metting. 

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