Neste vídeo, Dr. Fabio Pires, Médico Hematologista no Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta diversos estudos importantes para leucemia mieloide aguda que foram apresentados no Congresso ASH 2021
O especialista destaca que durante muitos anos não houve grandes avanços no campo de tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA). A base do tratamento foi, durante muito tempo, a quimioterapia seguindo o protocolo 7+3 com daunorubicina e citarabina. Entretanto, nos últimos anos houve o advento de novos medicamentos que podem até mudar a forma como essa doença é encarada.
O especialista destaca protocolos de combinação de venetoclax com protocolos de quimioterapia intensiva. É sabido que a quimioterapia intensiva é mais tóxica, e necessita de mais cuidado quando combinada ao venetoclax. A indução e consolidação com fludarabina, citarabina, G-CSF e idarrubicina (FLAG-IDA) combinado com venetoclax resulta em altas taxas de CRc DRM-negativa em pacientes com LMA recém diagnosticada com um perfil de segurança esperado. Nesta mesma linha, a combinação de 3 + 7 com venetoclax (regime DAV) foi eficaz e bem tolerada em pacientes adultos jovens com LMA de novo, com alta taxa de CR e remissão profunda. Estudos randomizados de fase 3 são necessários para confirmar esses resultados.
O especialista também destaca uma nova forma de imunoterapia, o magrolimabe, um anticorpo anti-CD47. CD47 é uma molécula que funciona como um sinal de “não me coma” para o macrófago, nas células cancerosas. Ou seja, esta é uma droga inibidora de checkpoint imunológico, e atua na eliminação das células-tronco leucêmicas, induzindo a fagocitose do tumor. O magrolimabe tem se mostrado uma boa combinação com drogas hipometilantes e boa taxa de resposta, especialmente em pacientes com mutações no TP53. Agentes hipometilantes agem em sinergia com magrolimabe induzindo sinais de “coma-me” em blastos leucêmicos, aumentando assim a fagocitose. O estudo de fase 2, apresentado no ASH, demonstrou que a combinação de magrolimabe com ventoclax e azacitidina é segura, e boas taxas de resposta e de sobrevida, principalmente nos pacientes com TP53 mutado, entretanto, é algo que também precisa ser confirmado em estudos de fase 3.
O estudo de fase 3, AGILE, investigou o uso de ivosidenibe, um potente inibidor oral da enzima IDH1 mutante (mIDH1), que é aprovado pela FDA para adultos com LMA mIDH1 recidivada/refratária e adultos com LMA mIDH1 recém-diagnosticada que têm ≥ 75 anos ou comorbidades que impedem o uso de quimioterapia de indução intensiva. Este estudo teve o objetivo de testar se a combinação de ivosidenibe com azacitidina leva a melhores resultados quando comparada a azacitina sozinha para pacientes com LMA não elegíveis a quimioterapia intensiva. Os resultados foram positivos, demonstrando superioridade do ivosienibe em termos de taxa de resposta e sobrevida global.
O especialista também destaca os estudos que buscaram melhorar a atividade do gilteritinibe a partir da sua combinação com venetoclax. Aparentemente, a combinação de inibidores de FLT3 com venetoclax leva a uma maior taxa de resposta e uma maior negativação da mutação do FLT3 em pacientes com LMA e FLT3 mutado. Os estudos mostram a combinação com o inibidor de FLT3 com venetoclax é melhor do que a sua combinação com agentes hipometilantes, como a azacitina.
Dr. Fabio conclui dizendo que o Congresso ASH 2021 foi bastante positivo para a LMA, tendo a apresentação diversos estudos relevantes para o futuro terapêutico da doença. Vale a pena assistir ao vídeo e conferir o conteúdo completo!
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