Diferenciação entre massas retroperitoneais residuais após quimioterapia em pacientes com tumores testiculares - Oncologia Brasil

Diferenciação entre massas retroperitoneais residuais após quimioterapia em pacientes com tumores testiculares

3 min. de leitura

Este estudo buscou diferenciar, através da análise de mRNAs e proteínas, tumores viáveis e teratomas de cicatrizes e necroses em pacientes com tumores testiculares não seminomatosos metastáticos tratados com quimioterapia, com objetivo de evitar tratamento cirúrgico excessivo

Geralmente, os pacientes que apresentam tumores testiculares não seminomatosos metastáticos com massas tumorais retroperitoneais residuais maiores que 1 cm após quimioterapia são tratados com ressecções de linfonodos retroperitoneais (pcRPLND). O objetivo do tratamento é remover tumores viáveis ​​(V) e teratomas (T) presentes em aproximadamente 10% e 40% dos casos, respectivamente. Entretanto, apenas cicatrizes/necroses (N) são identificadas histopatologicamente nos 50% restantes dos pacientes. No caso desses pacientes, a terapia cirúrgica não é necessária, resultando em um tratamento excessivo importante. 

Até o momento, não existe distinção adequada entre as histologias no pré-operatório. Houve uma evolução quando o primeiro biomarcador foi descrito com miR371a-3p no soro, que é altamente específico para tumores viáveis, mas não para teratomas. Logo, o objetivo do estudo foi identificar mRNAs e proteínas que são expressos de maneira diferente entre V/T vs. N, em particular entre T e N, em células ressecadas por pcRPLND. 

Cerca de 48 pacientes foram identificados, cada categoria T/V/N teve o espaço amostral de 16 indivíduos. Regiões representativas de T/V/N foram microdissecadas e tiveram seu mRNA extraído. Inicialmente, 770 genes foram analisados ​​usando o nCounter PanCancer Progression Panel (Nanostring). Para comparação entre os grupos, os genes com um fold change de < -2/ > 2 e um p valor menor que 0,05 foram identificados. Logo depois, uma análise quantitativa de proteínas (proteômica) foi realizada nas mesmas amostras. Por fim, as proteínas dos 5 mRNAs com os níveis de expressão mais distintos e significativos entre T vs. N foram validadas por imuno-histoquímica e cálculo do escore H. 

Através do Nanostring, foram identificados 84 mRNAs significativamente diferencialmente expressos para as comparações de grupo de T vs. N, 63 em V vs. N e 189 em T vs. V. A análise quantitativa de proteínas revelou 25 proteínas significativamente diferencialmente expressas em T vs. N, 254 em V vs. N e 134 entre T vs. V. Por imuno-histoquímica, todos os 5 anticorpos apresentaram escores H significativamente aumentados comparando T vs. N e T vs. V. De acordo com o objetivo do estudo, duas proteínas foram encontradas, AGR2 e KRT19, com seus genes correspondentes que apresentaram expressões significativamente diferenciais para a comparação de T vs. N tanto na análise quantitativa de proteínas quanto na análise de mRNA de Nanostring, e foram validados com sucesso por imuno-histoquímica. 

Contando com AGR2 e KRT19, duas proteínas foram identificadas com seus genes correspondentes que são expressos de forma significativa e diferencial no espécime pcRPLND nos grupos clinicamente relevantes T vs. N. Ambos validados com sucesso por imuno-histoquímica. Além disso, outras diferenças entre os grupos (T vs. V/ V vs. N) foram reveladas a depender do método analítico empregado. Em perspectiva prática, essas proteínas poderiam ser alvo de ligantes radiomarcados como um marcador para uma distinção confiável de pacientes com teratoma daqueles com necrose por meio de imagens funcionais. Assim, o tratamento excessivo com pcRPLND de pacientes com cicatrizes e necroses pode ser evitado cada vez mais daqui para frente. 

Referências: 

  1. Tim Nestler et al., Differentially expressed mRNA/proteins can distinguish viable germ cell tumors and teratomas from necrosis in retroperitoneal lymph node resections after chemotherapy (pcRPLND). J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 6; abstr 408). DOI: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.408