Diferenciais da eribulina e sua utilização no tratamento do câncer de mama metastático - Oncologia Brasil

Diferenciais da eribulina e sua utilização no tratamento do câncer de mama metastático

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Neste vídeo, Dr. Tomás Reinert, médico oncologista na Rede Oncoclínicas, diretor científico e médico pesquisador do Centro de Pesquisa da Serra Gaúcha, aborda as implicações clínicas e os mecanismos de ação da eribulina no contexto do tratamento do câncer de mama metastático

A eribulina é um agente inibidor da dinâmica de microtúbulos não taxano, e possui uma potente ação antiproliferativa em muitos tipos de tumores humanos in vitro e in vivo. Além disso, a eribulina também tem um papel na remodelação vascular, e reversão da transição epitélio mesenquimal, e na supressão da migração e invasão celular.  

No cenário da oncologia mamária, a eribulina já é utilizada há mais de uma década. O estudo EMBRACE foi um estudo pivotal, de fase 3, que comparou a eribulina ao tratamento de escolha do investigador. Este estudo randomizou (2:1) 762 pacientes com câncer de mama metastático, que já tinham sido submetidas a pelo menos 2 quimioterapias prévias para doença avançada. As pacientes foram randomizadas para receberem eribulina (n= 508) ou tratamento a escolha do investigador (n = 254). O desfecho primário foi a sobrevida global na população com intenção de tratar.  

O estudo EMBRACE atingiu seu desfecho primário, demonstrando uma adição de 2,7 meses no benefício de sobrevida global do grupo tratado com eribulina, em comparação com o grupo tratado com tratamento de escolha do investigador. A mediana de sobrevida global no grupo tratado com eribulina foi de 13,1 meses, em comparação com 10,6 meses no grupo tratado com quimioterapia (HR 0,81; IC 95% 0,66–0,99; p=0,041). 

Entretanto, para além do benefício clínico já demonstrado da eribulina, essa molécula possui algumas particularidades no seu mecanismo de ação. Uma destas particularidades consiste no local de ligação da eribulina aos microtúbulos. A eribulina se liga mais nas extremidades dos microtúbulos, o que difere de outras moléculas também consideradas inibidores de microtúbulos, possuindo, assim, atividade em células que possuem mutações associadas à resistência ao taxano. Além disso, a eribulina possui alguns efeitos não mitóticos na biologia do tumor, e estes foram estabelecidos em ambientes laboratoriais, incluindo: remodelação da vasculatura tumoral, aumento da perfusão vascular, hipóxia reduzida e alterações fenotípicas envolvendo a reversão da transição epitélio-mesenquimal (EMT), resultando em capacidades reduzidas de migração, invasão e ocorrência de metástases pulmonares em modelos experimentais. 

Os mecanismos de ação da eribulina sobre o microambiente tumoral são especialmente importantes por aumentarem a entrega de outras drogas ao tumor, devido à remodelação da vasculatura tumoral, principalmente. Neste sentido, há evidências de que a capecitabina apresentou uma melhor atividade anti-tumoral quando utilizada após a eribulina, do que quando utilizada antes da eribulina. Isso demonstra um racional para utilização da eribulina em linhas de tratamento mais precoces de tratamento, sendo que isso poderá favorecer não somente àquela linha de tratamento, mas linhas posteriores também – por aumentar a entrega de drogas subsequentes ao tumor.  

Confira o vídeo e acompanhe os comentários completos do especialista acerca deste assunto! 

 

Referências: 

  1. Cortes J, et al., Eribulin monotherapy versus treatment of physician’s choice in patients with metastatic breast cancer (EMBRACE): a phase 3 open-label randomised study. Lancet. 2011 Mar 12;377(9769):914-23. doi: 10.1016/S0140-6736(11)60070-6. Epub 2011 Mar 2. PMID: 21376385. 
  1. Cortes J, Schöffski P, Littlefield BA. Multiple modes of action of eribulin mesylate: Emerging data and clinical implications. Cancer Treat Rev. 2018 Nov;70:190-198. doi: 10.1016/j.ctrv.2018.08.008. Epub 2018 Aug 21. PMID: 30243063. 
  1. Funahashi Y, et al., Eribulin mesylate reduces tumor microenvironment abnormality by vascular remodeling in preclinical human breast cancer models. Cancer Sci. 2014 Oct;105(10):1334-42. doi: 10.1111/cas.12488. Epub 2014 Sep 16. PMID: 25060424; PMCID: PMC4462349.