Discussão multidisciplinar sobre a combinação de pertuzumabe com trastuzumabe em formulação subcutânea - Oncologia Brasil

Discussão multidisciplinar sobre a combinação de pertuzumabe com trastuzumabe em formulação subcutânea

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Neste vídeo, Dr. Gilberto Amorim oncologista clínico do Oncologia D’Or e da clínica São Vicente (Rio de Janeiro), e Juliana Ribeiro enfermeira oncológica no Instituto do Câncer e Transplante (Curitiba), apresentam uma visão multiprofissional sobre a apresentação subcutânea, em dose fixa, de pertuzumabe mais trastuzumabe, no tratamento do câncer de mama HER2+

Diversos estudos clínicos consolidaram a combinação de pertuzumabe intravenoso com trastuzumabe e quimioterapia como tratamento pivotal para pacientes com câncer de mama HER2+. O estudo clínico CLEOPATRA, por exemplo, demonstrou uma sobrevida global significativamente melhorada para pacientes com doença metastática. Enquanto em NeoSphere foram demonstradas melhores taxas de resposta patológica completa, no tratamento neoadjuvante, além de uma melhora clinicamente significativa para sobrevida livre de doença invasiva em pacientes com alto risco de recorrência no APHINITY, como tratamento curativo adjuvante. Portanto, pertuzumabe mais trastuzumabe e quimioterapia se tornou o tratamento padrão para pacientes com câncer de mama HER2+ inicial e metastático. 

Entretanto, tais medicamentos possuem administração intravenosa, procedimento invasivo, muitas vezes inconveniente e doloroso para os pacientes – especialmente aqueles que são tratados repetidamente. Pertuzumabe intravenoso é infundido por 30-60 min e trastuzumabe por 30-90 min, geralmente para vários ciclos ao longo de um curso de tratamento. Ou seja, é um desafio para equipe de saúde a manipulação de tais medicamentos, além das implicações na qualidade de vida dos pacientes.  

Neste contexto, pesquisadores desenvolveram uma nova apresentação para a combinação de pertuzumabe mais trastuzumabe. Pertuzumabe já estava disponível para aplicação subcutânea, e agora, foi desenvolvido também a combinação de pertuzumabe mais trastuzumabe e hialuronidase para o mesmo tipo de aplicação. Através da adição de hialuronidase-zzxf na fórmula, foi possível manter a segurança e eficácia da medicação em dose fixa subcutânea.  

O tempo para administração da dose subcutânea de pertuzumabe mais trastuzumabe e hialuronidase é de aproximadamente 5–8 minutos. A partir disso, percebe-se que a injeção reduz a carga de administração e o tempo que os pacientes passam em cadeiras de infusão, e tem potencial para otimizar o uso de recursos médicos.  

O estudo de fase 2, PHranceSCa (NCT03674112), randomizado, aberto, internacional, multicêntrico e cruzado, investiga a preferência do paciente, além da satisfação e segurança de alternar entre as formulações, bem como as percepções dos profissionais de saúde sobre o tempo e uso de recursos e conveniência relacionados à combinação de dose fixa subcutânea (pertuzumabe mais trastuzumabe e hialuronidase) em comparação a infusões intravenosas. 

A análise primária do estudo mostrou que a maioria (136 [85%] de 160) dos pacientes preferiu a combinação de dose fixa subcutânea em vez de infusões intravenosas, e que 87% dos pacientes escolheram a combinação de dose fixa para completar seus 18 ciclos de tratamento após experimentar ambos os métodos. Este estudo também mostrou que a combinação de dose fixa subcutânea foi geralmente bem tolerada, mesmo quando alternando entre as formulações. 

Já o estudo clínico FeDeriCa (NCT03493854), um estudo de fase 3, randomizado, aberto, multicêntrico e de não inferioridade, foi desenhado para avaliar a farmacocinética, eficácia e segurança da formulação subcutânea de dose fixa em comparação com pertuzumabe intravenoso mais trastuzumabe em pacientes com câncer de mama inicial HER2+ no cenário neoadjuvante-adjuvante.  

Para isso, entre 14 de junho de 2018 e 24 de dezembro de 2018, 252 pacientes foram aleatoriamente designados para o grupo de infusão intravenosa e 248 pacientes para o grupo de combinação de dose fixa (randomização 1:1). O objetivo principal do estudo foi a não inferioridade da concentração sérica mínima de pertuzumabe do ciclo 7 (ou seja, concentração pré-dose de pertuzumabe do ciclo 8) dentro da combinação de dose fixa para injeção subcutânea versus pertuzumabe intravenoso mais trastuzumabe na população farmacocinética por protocolo. Além disso, o desfecho primário de eficácia foi a resposta patológica total completa – definida como erradicação da doença invasiva na mama e axila, de acordo com a avaliação do patologista local. 

O estudo FeDeriCa atingiu seu objetivo primário: a combinação de dose fixa subcutânea de pertuzumabe e trastuzumabe fornece concentrações séricas de pertuzumabe ao ciclo 7 não inferiores para pertuzumabe intravenoso mais trastuzumabe no cenário neoadjuvante com taxas de resposta patológica completa comparáveis. A segurança foi semelhante entre os grupos de tratamento e em linha com outros estudos de pertuzumabe, trastuzumabe e quimioterapia. O acompanhamento do estudo ainda está em andamento para resultados de longo prazo, incluindo eficácia e segurança. 

Para saber mais sobre os estudos, e para entender a visão multiprofissional dos dois especialistas, assista o vídeo.  

 

Referências:  

Tan AR, Im S-A, Mattar A, et al. Fixed-dose combination of pertuzumab and trastuzumab for subcutaneous injection plus chemotherapy in HER2- positive early breast cancer (FeDeriCa): a randomised, open-label, multicentre, non-inferiority, phase 3 study. Lancet Oncol 2020; published online Dec 21. https://doi.org/10.1016/S1470-2045(20)30536-2. 

O’Shaughnessy J, Sousa S, Cruz J, et al. Patient (pt) preference for the pertuzumab-trastuzumab fixed-dose combination for subcutaneous use (PH FDC SC) in HER2-positive early breast cancer (EBC): primary analysis of the open-label, randomised crossover PHranceSCa study. Ann Oncol 2020; 31 (suppl 4): S306–07.