Doxorrubicina lipossomal peguilada (DLP) sustenta eficácia terapêutica associada a menores taxas de toxicidades cardíacas comparativamente à doxorrubicina e capecitabina em câncer de mama metastático - Oncologia Brasil

Doxorrubicina lipossomal peguilada (DLP) sustenta eficácia terapêutica associada a menores taxas de toxicidades cardíacas comparativamente à doxorrubicina e capecitabina em câncer de mama metastático

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Dra. Juliana Martins Pimenta, médica oncologista no Centro de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta sobre a utilização de doxorrubicina lipossomal peguilada no tratamento do câncer de mama metastático. A especialista destaca no vídeo que essa opção terapêutica apresenta menores taxas de toxicidade em plano de maior comodidade posológica quando, comparado a outras antraciclinas. Confira o conteúdo na integra! 

 

As antraciclinas estão, atualmente, ranqueadas dentre as melhores drogas quimioterápicas antitumorais. Seus potenciais mecanismos de ação perpassam tanto ações citostáticas quanto citotóxicas, atuando na formação de radicais livres, efeitos diretos na membrana e/ou interações enzimáticas – todas relacionadas a mecanismos de danos ao DNA e, consequentemente, indução de vias de apoptose.  

No cenário do câncer de mama metastático, essa classe farmacológica vem sendo utilizada isolada ou em combinação, no entanto, seu uso torna-se limitado diante das toxicidades associadas. Dentre essas toxicidades, a atenção volta-se para a cardiotoxicidade – causa de grande morbidade e mortalidade, tendo seu risco aumentado em pacientes expostos a altas doses de antraciclinas, idosos ou indivíduos com demais comorbidades associadas. 

Tendo em vista à eficácia de fármacos dessa classe, como a doxorrubicina, formulações de igual performance e maior segurança foram estudadas de modo que a doxorrubicina lipossomal peguilada (DLP) despontou como possível opção substituta. Essa formulação compreende a doxorrubicina confinada em lipossomos estáveis e apresenta meia-vida na circulação de aproximadamente 73,9 horas – o que permite melhor captação dessa estrutura por parte do tumor, reduzindo os níveis de doxorrubicina sérica e, consequentemente, reduzindo as toxicidades em tecidos normais. 

No intuito de avaliar não só a eficácia da DLP, mas demonstrar a não inferioridade dessa em relação à doxorrubicina e em um melhor perfil de segurança, um estudo de O’Brien e colaboradores randomizou 509 pacientes com câncer de mama metastático, com funções cardíacas normais e administrou DLP (50mg/m² – a cada 4 semanas) ou doxorrubicina (60mg/m² – a cada 3 semanas) em primeira linha de tratamento. Assim, comparativamente, a sobrevida livre de progressão obtida foi de 6,9 vs 7,8 meses e um hazard ratio de 1, indicando, de fato, não inferioridade. Quando avaliada o risco global em desenvolver cardiotoxicidade, esse foi significativamente maior em pacientes tratados com doxorrubicina (HR = 3,16; 95%CI: 1,58–6,31; p <0,001) demais toxicidades foram, igualmente, menores quando tratado com DLP.  

O estudo de fase III PELICAN avaliou a eficácia da DLP versus a capecitabina (mimetiza o 5-FU), em coorte de 210 pacientes randomizados 1:1. Entre esses esquemas terapêuticos administrados em primeira linha em câncer de mama metastático, não foram observadas diferenças relacionadas ao tempo até a progressão da doença, sobrevida global ou tempo até a falha ao tratamento. No entanto, quando avaliadas as toxicidades, pacientes em uso de DLP experienciaram menos eventos adversos graves (p= 0,015), e menos efeitos cardíacos (8% vs. 18 %; p = 0.31). 

Ambos os estudos demonstram que independentemente das drogas comparadas, a eficácia de DLP não demonstrou inferioridade e ainda forneceu um melhor perfil de segurança, com menos taxas de toxicidades gerais e especificamente, de toxicidades cardíacas. Vale ressaltar que além desses benefícios, com relação à posologia, a DLP por ser administrada a cada 4 semanas, apresenta conforto posológico em comparação à doxorrubicina e à capecitabina. Assim, esses achados fortalecem o uso da doxorrubicina lipossomal peguilada em primeira linha no tratamento de câncer de mama metastático assegurando melhora na experiência desses pacientes oncológicos. 

No vídeo, Dra. Juliana comenta sobre os dados de ambos os estudos, trazendo de forma detalhada os benefícios do uso da DLP e a sua segurança com relação à cardiotoxicidade quando comparada a outras antracicilinas.  Vale a pena conferir o conteúdo completo! 

 

  

Referências: 

  1. Venkatesh P, Kasi A. Anthracyclines. StatPearls. 2022. 
  2. O’Brien ME, Wigler N, Inbar M, et al. Reduced cardiotoxicity and comparable efficacy in a phase III trial of pegylated liposomal doxorubicin HCl (CAELYX/Doxil) versus conventional doxorubicin for first-line treatment of metastatic breast cancer. Ann Oncol. 2004. 
  3. Harbeck N, Saupe S, Jäger E, et al. A randomized phase III study evaluating pegylated liposomal doxorubicin versus capecitabine as first-line therapy for metastatic breast cancer: results of the PELICAN study. Breast Cancer Res Treat. 2017 

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