Efeito imunomodulador de denosumabe no câncer de mama inicial - Oncologia Brasil

Efeito imunomodulador de denosumabe no câncer de mama inicial

2 min. de leitura

A maioria dos cânceres de mama exibe baixa infiltração por linfócitos T e não responde satisfatoriamente aos inibidores de correceptores imunes, levando à necessidade de novas estratégias terapêuticas que atuem nos mecanismos de ativação imunológica anti-tumoral 

 

O RANK (receptor activator of nuclear factor kappa) e seu ligante RANKL apresentam potencial imunomodulador. Dados prévios demonstraram que os inibidores da via RANK, como o denosumabe, usado para o tratamento de metástases ósseas, podem prevenir e/ou tratar o câncer de mama, atuando também na regulação imune do microambiente tumoral. No entanto, a população de pacientes com câncer de mama que se beneficiaria do denosumabe ainda precisa ser identificada. 

Nesse sentido, durante o ESMO Breast Cancer 2021, foram apresentados os resultados preliminares do D-BIOMARK (NCT03691311), um ensaio clínico randomizado de biomarcador, projetado para testar a atividade antitumoral do denosumabe em pacientes com câncer de mama inicial candidatas à cirurgia. 

Foram incluídas pacientes com câncer de mama HER2-negativo em estadio inicial e randomizadas na proporção 2:1 para denosumabe ou controle (sem tratamento). O braço experimental recebeu um total de duas doses (uma por semana) de denosumabe 120mg por via subcutânea antes da cirurgia (programada para ocorrer entre duas quatro semanas após). 

Os desfechos primários incluíram as alterações na proliferação de células tumorais por Ki67 (analisado por imunohistoquímica) e sobrevida celular por caspase 3 clivada. Foram também avaliados os linfócitos infiltrantes de tumor estromal quantificados na hematoxilina e eosina entre a amostra de biópsia (baseline) e a peça cirúrgica.  

Resultados 

Os investigadores apresentaram os resultados dos primeiros 36 pacientes inscritos de um total de 60. As características clínicas e tumorais foram bem equilibradas entre os grupos. Nenhuma toxicidade relevante foi relatada.  

Não foram observadas diferenças clinicamente significativas no Ki67 e na caspase-3 clivada após o tratamento com denosumabe. Curiosamente, um aumento estatisticamente significativo de linfócitos infiltrantes tumorais foi observado no grupo tratado com denosumabe (p = 0,03), mas não no grupo controle (p = 0,80). Observou-se que 33% dos pacientes tratados com denosumabe mostraram um aumento ≥ 10% de linfócitos infiltrantes tumorais versus 0% no grupo controle (p = 0,05).  

De acordo com os autores, os dados preliminares sugerem que o uso de curto prazo do denosumabe neoadjuvante aumenta a quantidade de linfócitos infiltrantes tumorais. 

 Referências:  

  1. Casado AV, et alImmunomodulatory effect of denosumab in early breast cancerPreliminary results of a randomized window-opportunity clinical trial D-Biomark. Abstract 14P. ESMO Breast Cancer Virtual Congress 2021Annals of Oncology (2021) 32 (suppl_2): S21-S36. 10.1016/annonc/annonc503.