A adição de isatuximabe a carfilzomibe e dexametasona proporcionou uma melhora estatisticamente superior na SLP e uma melhora clínica significativa na profundidade de resposta
Dr. Angelo Maiolino, professor de hematologia na UFRJ e coordenador de hematologia do Américas Centro de Oncologia, no Rio de Janeiro, comenta os resultados e conclusões da primeira análise interina do estudo IKEMA, apresentado virtualmente na 25ª edição do EHA Annual Congress.
O isatuximabe é um anticorpo monoclonal anti-CD-38 que possui uma forte ação nas células malignas do mieloma múltiplo e na modulação do sistema imune. Esta droga já havia sido previamente aprovada pelo FDA na combinação com pomalidomida e dexametasona, com base no estudo ICARIA-MM.
O IKEMA, por sua vez, é um ensaio clínico de fase III que comparou isatuximabe mais carfilzomibe e dexametasona (Isa-Kd) versus carfilzomibe e dexametasona (Kd) para pacientes com mieloma múltiplo refratário ou recidivado que tenham sido submetidos a 1, 2 ou 3 linhas de tratamento prévio. Foram incluídos 302 pacientes, com participação de diversos Centros de Pesquisa do Brasil incluindo o do Dr. Angelo Maiolino.
No braço experimental, os pacientes receberam Isa-Kd e, no braço controle, a combinação Kd, nas mesmas doses do estudo original ENDEAVOUR que havia demonstrado superioridade do carfilzomibe e dexametasona versus bortezomibe e dexametasona. O tratamento continuou até a progressão da doença, eventos adversos inaceitáveis (EA) ou óbito.
O desfecho principal foi demonstrar um aumento na sobrevida livre de progressão (SLP) do uso de Isa-Kd em oposição a Kd. Nesta 1ª análise interina, foi observada uma clara vantagem para a combinação do Isa-Kd. A mediana de sobrevida livre de progressão não foi alcançada para Isa-Kd versus 19,15 meses no grupo que recebeu somente Kd e com HR de 0,53, o que significa uma redução de 47% de risco de progressão ao óbito.
Esta vantagem em termos de SLP foi consistente em todos os subgrupos analisados, incluindo os pacientes com mais de 2 ou 3 linhas de tratamento prévio. Este é um dado importante, uma vez que existe neste cenário uma necessidade não atendida. No grupo de citogenética de alto risco também houve favorecimento para a combinação Isa-Kd.
A tolerabilidade foi bastante satisfatória em ambos os braços, com uma incidência bem aceitável de complicações vasculares, hipertensão e insuficiência cardíaca; esta ultima inferior à 5% quando considerado graus 3 e 4
“Do ponto de vista de sobrevida global (SG), os dados ainda são imaturos. Porém, considerando-se as diferenças entre a sobrevida livre de progressão associada à boa tolerabilidade equilibrada nos dois grupos , certamente haverá uma diferença significante de SG em um follow up mais prolongado”, de acordo com os autores. O Isa-Kd pode passar a ser um novo standard para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo refratários ou recidivados, principalmente para aqueles pacientes que haviam passado por um tratamento anterior com a lenalidomida.
Em conclusão, a adição de isatuximabe a carfilzomibe e dexametasona proporcionou uma melhora estatisticamente superior na SLP e uma melhora clínica significativa na profundidade de resposta. Isa-Kd foi bem tolerado, com segurança gerenciável e um perfil risco-benefício favorável. Essa combinação representa um novo padrão possível de tratamento para estes pacientes.
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Saiba mais:
Isatuximab Plus carfilzomib/dexamethasone Versus carfilzomib/dexamethasone in Patients With relapsed/refractory Multiple Myeloma: IKEMA Phase III Study Design, Future Oncol. 2020 Jan;16(2):4347-4358. https://library.ehaweb.org/eha/2020/eha25th/303392/philippe.moreau.isatuximab.plus.carfilzomib.and.dexamethasone.vs.carfilzomib.html?f=listing%3D0%2Abrowseby%3D8%2Asortby%3D1%2Asearch%3Dikema
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