Análises post-hoc avaliaram a qualidade de vida e atividade sexual em relação ao período basal em pacientes com suspensão do tratamento após 37 semanas
O câncer de próstata apresenta desafios significativos, com até 50% dos pacientes enfrentando recorrência bioquímica dentro de 10 anos após a terapia
definitiva, caracterizada pelo aumento nos níveis de PSA (antígeno prostático específico). Essa recorrência pode sinalizar desde doença localizada à doença regional ou até micrometástases. Nesse momento, os pacientes são tratados com base em uma estratificação de risco onde aqueles indivíduos cujo PSA duplicou em menos de 9 meses são considerados de alto risco para progressão metastática rápida e óbito.
Nesse contexto, o estudo EMBARK tem como objetivo avaliar a eficácia e segurança de enzalutamida + leuprolida (ENZ+L) e enzalutamida em monoterapia (ENZ), comparadas à leuprolida isolada (P+L) em pacientes com câncer de próstata hormônio sensível não-metastático (CPHSnm) com recidiva bioquímica de alto risco. Resultados publicados no The New England Journal of Medicine (Out, 2023) demonstraram que após 5 anos, a sobrevida livre de metástase foi de 87,3% no braço que recebeu a combinação, de 80% no braço tratado com enzalutamida em monoterapia e de 71,4% no braço tratado com leuprolida e placebo, de modo que ambos os regimes envolvendo a administração de enzalutamida apresentaram benefícios em detrimento da leuprolida, reduzindo em 58% (HR = 0,42; 95%CI: 0,30-0,61) e 37% (HR = 0,63; 95%CI: 0,46-0,87), respectivamente, o risco de metástase ou óbito.
Para esses tumores, a avaliação de qualidade vida, sobretudo, qualidade de vida sexual é um fator importante a ser considerado. Frente a isso, após os 5 anos de follow-up o estudo EMBARK traz resultados de análises post-hoc voltadas para a
avaliação desse aspecto.
Na ASCO 2024, Stephen Freedland compartilhou a análise de qualidade de vida após a suspensão do tratamento na 37ª semana para aqueles pacientes que alcançaram PSA inferior a 0,2ng/ml. A interrupção do tratamento ocorreu em 90,9% (321/353), 85,9% (304/354) e 67,8% (240/354) dos pacientes tratados com ENZ+L, ENZ e P+L, respectivamente. Todos os braços do estudo demonstraram melhora na qualidade de vida, atingindo esse limiar por volta da semana 205. Além disso, todos os braços, demonstraram melhora dos efeitos colaterais da terapia hormonal. No entanto, é interessante destacar que aqueles tratados com ENZ+L e P+L apresentaram deterioração importante do ponto de vista clínico na semana 205 comparativamente à
semana 37. Esses resultados confirmam que a suspensão do tratamento na semana 37 favorece uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.
No mesmo congresso, Stephen Freedland também apresentou outra análise póshoc da mesma coorte, voltada para a avaliação dos desfechos reportados pelos pacientes com ênfase na atividade sexual, em indivíduos sexualmente ativos ou com interesse sexual no baseline. A qualidade de vida foi avaliada a cada 12 semanas até metástase ou óbito, e para a avaliação do tempo até deterioração, foram consideradas alterações em interesse sexual, atividade, satisfação, função erétil e no sentimento de masculinidade.
Dentre os 694 pacientes com interesse sexual e dos 437 com atividade sexual ativa ao baseline, o tempo de deterioração foi significativamente adiado dentre os seguintes domínios avaliados: interesse, atividade, satisfação e função erétil, para os pacientes tratados com ENZ monoterapia vs. P+L. Adicionalmente, a disfunção erétil foi reduzida em pacientes tratados com ENZ+L em relação aos pacientes tratados com P+L.
Os resultados da análise voltada para atividade sexual bem como os resultados de qualidade de vida mais gerais, demonstram um benefício clínico significativo do ponto de vista de qualidade vida da enzalutamida em monoterapia quando comparado à leuprolida e, até mesmo, da combinação de enzalutamida com leuprolida.
Referências:
1. Freedland SJ, de Almeida Luz M, De Giorgi U, et al. Improved Outcomes with Enzalutamide in Biochemically Recurrent Prostate Cancer. N Engl J Med. 2023
2. Freedland SJ, Gleave M, De Giorgi U, et al. EMBARK post hoc analysis of impact of treatment suspension (TxS) on health-related quality of life (HRQoL). ASCO 2024. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/234509.
3. Freedland SJ, Mulhall J, Gleave M, et al. EMBARK post hoc analysis of sexual activity (SA) patient-reported outcomes (PROs) in patients (pts) who were sexually active or interested in sex at baseline (BL). ASCO 2024. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/234462.
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