O Dr. Fabio Schutz, oncologista clínico da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta sobre o estudo e os dados que levaram à aprovação recente no Brasil, pela ANVISA de erdafitinibe, um inibidor de fibroblast growth factor receptor (FGRF) 1-4, para pacientes com carcinoma urotelial metastático.
O estudo original, publicado em julho de 2019 no NEJM, incluiu pacientes com doença avançada, refratária a múltiplas linhas de tratamento, sendo que os mesmos poderiam ter recebido, inclusive, imunoterapia prévia. Para receber erdafitinibe, foram selecionados apenas pacientes com alterações nos genes FGFR, especificamente mutações selecionadas em FGFR3 ou fusões FGFR2/3.
O médico lembrou que, dos 99 pacientes avaliados nesse estudo de fase II, 40% apresentaram resposta objetiva, e o tempo mediano para resposta foi de aproximadamente um mês e meio, mostrando que os indivíduos tratados com a medicação tendem a responder rapidamente. Além disso, as medianas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global foram de 5,5 meses e 13,8 meses, respectivamente.
O Dr. Fabio comentou também que, além de dados retrospectivos de trabalhos diversos mostrando que alterações em FGFR predizem pior prognóstico para esses pacientes, dos 22 indivíduos do estudo que haviam recebido imunoterapia prévia, apenas um apresentou resposta ao inibidor de correceptor imune. Apesar de os dados ainda serem escassos, isso poderia indicar que alterações em FGFR possam ser fatores preditivos não só de resposta ao erdafitinibe, mas também de resistência à imunoterapia.
O oncologista ressaltou, por fim, que o estudo de fase III (THOR trial: NCT03390504) comparando erdafitinibe a imunoterapia ou quimioterapia está em andamento e deve trazer novas informações sobre a eficácia e a segurança desse fármaco, em breve. E lembrou que outras drogas com mecanismos de ação similares, como infigratinibe e rogaratinibe, estão em investigação para essa indicação.
Com a recente aprovação no Brasil e, em breve, comercialização, o Dr. Fabio acredita que essa e outras novas medicações logo serão incluídas no nosso arsenal para o tratamento do carcinoma urotelial metastático, podendo beneficiar muitos pacientes que por enquanto ainda não contam com novas opções terapêuticas.
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