Escore prognóstico pode auxiliar na decisão de hormonioterapia estendida

O Dr. Evandro de Azambuja, oncologista do Institut Jules Bordet (Bélgica), em participação na edição de 2019 do San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS), comenta estudo apresentado pela Dra. Ivana Sestak, que buscou validar um escore prognóstico para estratificação de risco de pacientes com câncer de mama. Nesse trabalho, a calculadora de risco aplicada se utilizava do chamado clinical treatment score post 5 years (CTS5), escore que foi criado para a predição de risco no longo prazo de desenvolvimento de metástases à distância, em pacientes com câncer de mama.

O médico lembrou que o CTS5 já havia sido testado em dois outros estudos, nos quais foram avaliadas mulheres na pós-menopausa, tendo sido observada uma boa acurácia do escore em distinguir pacientes de risco baixo, intermediário e alto. Na apresentação no SABCS 2019, a calculadora foi testada em quase 8 mil pacientes, que haviam sido avaliadas no estudo TAILORx e que apresentavam doença com expressão de receptores hormonais e negativa para HER2. Com considerações quanto ao tamanho e ao grau dos tumores, bem como quanto à presença de acometimento linfonodal e à idade dessas pacientes, o escore buscava auxiliar na decisão de realização de hormonioterapia estendida.

Novamente o CTS5 mostrou-se capaz de distinguir bem entre pacientes de risco baixo, intermediário e alto na população geral do estudo. Segundo o Dr. Azambuja, a calculadora teve melhor performance nas pacientes com idade maior que 50 anos, grupo em que foi possível identificar uma subpopulação de alto risco (até 9% de risco de doença metastática) que provavelmente se beneficiaria da adjuvância estendida. Já para as mulheres com até 50 anos de idade, a calculadora não foi tão acurada. Porém, o oncologista informou que dois novos estudos já estão em andamento, na tentativa de validar o CTS5 para pacientes mais jovens.

Essa nova ferramenta já está disponível para uso público e pode auxiliar os oncologistas em suas decisões clínicas, ressaltou o Dr. Azambuja, que relatou já adotar a calculadora em sua prática clínica, para tomada de decisão em relação a prolongar a terapia hormonal na pós-menopausa, sobretudo em pacientes mais idosas.