Lorlatinibe tem grande potencial de mudar prática clínica em 1ª linha para pacientes com câncer avançado de pulmão não-pequenas células ALK-positivo - Oncologia Brasil

Lorlatinibe tem grande potencial de mudar prática clínica em 1ª linha para pacientes com câncer avançado de pulmão não-pequenas células ALK-positivo

3 min. de leitura

Dr. João Victor Alessi, oncologista clínico e membro do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, comenta os resultados do estudo CROWN, que avaliou o uso da lorlatinibe versus crizotinibe em primeira linha para tratar pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células ALK-positivo.

O lorlatinibe é um inibidor da tirosina quinase com atividade promissora em modelos pré-clínicos em câncer de pulmão. A droga é conhecida por inibir a mutação tumoral que impulsiona a resistência à inibição de ALK e ultrapassa a barreira hematoencefálica.

Dr. Alessi contextualiza que o câncer de pulmão é a principal causa de morte relacionada ao câncer em todo o mundo. E o câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) é responsável por aproximadamente 80-85% desses tumores, com ALK-positivo ocorrendo em cerca de 3-5% dos casos de CPNPC.

Antes das terapias-alvo e imunoterapias, a taxa de sobrevida em cinco anos para pacientes com CPNPC avançado era de apenas 5%. Por isso, o surgimento de novas opções ou mesmo a combinação de tratamentos sempre é motivo de grande expectativa no cenário da oncologia.

Na Sessão Presidencial do ESMO Virtual Congress 2020, foi apresentado o tão aguardado estudo CROWN, de fase 3, randomizado, multicêntrico, aberto, paralelo com dois braços, no qual 296 pessoas com CPNPC avançado ALK-positivas e previamente não tratadas foram randomizadas na proporção 1:1 para receber lorlatinibe 100 mg/dia ou crizotinibe 250 mg 2x/dia, estratificando os pacientes de acordo com as metástases para sistema nervoso central (SNC) e etnia.

O desfecho primário do estudo foi sobrevida livre de progressão (SLP) de acordo com uma revisão central independente cega (BICR). Os desfechos secundários incluíram sobrevida global (SG), SLP com base na avaliação do investigador, taxa de resposta objetiva (TRO) com base na BICR, TRO intracraniana, duração da resposta (DDR) e segurança. Essa análise preliminar foi conduzida até 72% dos 117 eventos de SLP esperados.

Dos 296 pacientes randomizados, 291 receberam o tratamento. Até o momento da análise dos dados (20 de março de 2020), o tempo médio de acompanhamento para SLP por BICR foi de 18,3 meses para lorlatinibe (n = 149) e 14,8 meses para crizotinibe (n = 147). A SLP mediana de acordo com BICR foi significativamente superior para lorlatinibe versus crizotinibe (mediana não alcançada versus 9,3 meses; HR 0,28; p <0.001).

A TRO de lorlatinibe versus crizotinibe foi de 3% versus 0% de respostas completas, 73% versus 58% de respostas parciais, e 13% versus 28% de doenças estáveis, respectivamente. Lorlatinibe também apresentou superioridade na taxa de resposta em SNC para metástases mensuráveis, alcançando 82% de TRO intracraniana, com 12 (71%) de 17 pacientes demonstrando resposta completa (por BICR) versus TRO de 23% e 8% de resposta completa para aqueles sob uso de crizotinibe, respectivamente. A mediana de tempo de progressão tumoral intracraniana por BICR não foi alcançada para lorlatinibe versus 16,6 meses para crizotinibe, resultando em um impressionante HR de 0.07 (p < 0.001). Dados de sobrevida global ainda são imaturos.

Eventos adversos graus 3 e 4 foram relativamente maiores no tratamento com lorlatinibe, devido às alterações laboratoriais, em especial anormalidades no perfil lipídico, segundo os pesquisadores. Para o oncologista, a taxa de perfil lipídico é um marcador bastante comum em pacientes que estão recebendo lorlatinibe, o que não se observa com outros inibidores de 1ª e 2ª gerações. Porém, a taxa de descontinuação devido a eventos adversos foi maior no grupo que recebeu crizotinibe versus lorlatinibe.

Dr. Alessi conclui que os dados apontam para o uso de lorlatinibe em pacientes com CPNPC avançado ALK-positivos e previamente não tratado. Nesse momento, de acordo com o médico, é importante observar como será o sequenciamento desse tratamento, uma vez que existem duas opções de 1ª linha e ainda não é possível saber qual será a melhor 1ª linha a ser utilizada.

Se preferir, escute os comentários do especialista no nosso podcast:

 

Referência:
Presentation ID LBA2. Lorlatinib vs Crizotinib in the First-line Treatment of Patients (pts) with Advanced ALK-Positive Non-Small Cell Lung Cancer (NSCLC): Results of the Phase 3 CROWN Study. ESMO 2020.

Conteúdo restrito para médicos, entre ou crie sua conta gratuitamente

Faça login

Crie sua conta

Apenas médicos podem criar contas, insira abaixo seu CRM e Estado do CRM para validação