No terceiro dia de ESMO 2024 foram apresentados resultados importantes no tratamento sobretudo de câncer de ovário e endométrio, o que revelou o grande potencial do uso de ADCs nesses cenários
TROPION PAN TUMOR 03
Este é um estudo de fase II com múltiplos braços, avaliando datopotamabe-deruxtecano em várias indicações. Foram apresentados os dados das coortes de câncer de ovário e endométrio.
Câncer de ovário: Foram incluídas 35 pacientes com carcinoma seroso de alto grau ou endometrioide, que haviam progredido após uma ou duas linhas de quimioterapia com platina. A taxa de resposta foi de 42%, com 66% das pacientes sensíveis à platina e 34% resistentes à platina. A taxa de controle da doença foi de 85% (100% no grupo sensível à platina), e a sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 5,6 meses.
Câncer de endométrio: Incluiu 40 pacientes com diversas histologias (exceto sarcoma), tratadas com quimioterapia à base de platina. A taxa de resposta foi de 27,5%, com uma duração de resposta de 16 meses. A taxa de controle da doença foi de 57,5%, e a SLP foi de 6,3 meses.
Estudos de fase II com Sacituzumabe-Tiromotecano para câncer de ovário, endométrio e colo uterino (em combinação com pembrolizumabe para câncer de colo uterino avançado)
Esse estudo de fase II avaliou sacituzumabe-tiromotecano em câncer de colo uterino (com pembrolizumabe), ovário e endométrio.
Câncer de ovário: Foram incluídas 40 pacientes com carcinoma seroso de alto grau ou endometrioide, que progrediram após uma ou duas linhas de quimioterapia com platina. A taxa de resposta foi de 40%, e a taxa de controle da doença foi de 75% (100% no grupo sensível à platina). A SLP foi de 6 meses.
Câncer de endométrio: Incluiu 44 pacientes com diversas histologias (exceto sarcoma), tratadas com quimioterapia à base de platina. A taxa de resposta foi de 34%, e a taxa de controle da doença foi de 75%. A SLP foi de 5,7 meses.
Câncer de colo uterino: Foram incluídas 38 pacientes, metade das quais havia recebido duas linhas de quimioterapia, e 42% tinham recebido imunoterapia prévia. A taxa de resposta foi de 57,9%, e a taxa de controle da doença foi de 86,8%. A SLP não foi atingida em 6 meses.
Estudo PICCOLO
O estudo de fase II PICCOLO avaliou o uso de mirvetuximabe-soravtansina em pacientes com alta expressão do receptor alfa de folato (FR alfa). Foram incluídas 124 pacientes com alta expressão de FR alfa (2+ ou mais), sendo que 37% haviam recebido três ou mais linhas de tratamento, e 75% haviam sido expostas a inibidores de PARP. O estudo mostrou uma taxa de resposta de 51,9%, uma SLP de 6,9 meses e uma duração de resposta de 8,2 meses.
Comentários:
Esses estudos destacam o papel promissor dos anticorpos conjugados a drogas (ADCs) como uma estratégia eficaz em segunda linha, especialmente considerando que muitas pacientes já terão sido expostas à imunoterapia. No Brasil, ainda não temos aprovação de ADCs para tumores ginecológicos. O estudo com mirvetuximabe-soravtansina é particularmente relevante, pois envolve uma população politratada e exposta a inibidores de PARP, refletindo a prática clínica real. É essencial estar atento à abertura de estudos clínicos com essa classe de drogas nos centros de pesquisa.
Daniel Musse, MD
Médico Oncologista Clínico na Rede D’Or.
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