Especialista aborda qualidade de vida e autoestima em pacientes oncológicos - Oncologia Brasil

Especialista aborda qualidade de vida e autoestima em pacientes oncológicos

2 min. de leitura

Confira o podcast com a Dra. Debora Gagliatooncologista clínica do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo 

Pacientes que têm diagnóstico de câncer podem desenvolver sintomas físicos e alterações psicossociais que acarretam prejuízos, tanto à autoestima, quanto para a qualidade de vida.  Indivíduos que contam com uma rede de apoio conseguem experimentar um impacto menor na qualidade de vida relacionada ao diagnóstico e à jornada de tratamento.  

+

Com enfoque de sua atuação em câncer de mama, a Dra. Débora deixa claro que as pacientes costumam passar por diversas fases da doença que impactam em autoestima e qualidade de vida. É de extrema importância que o oncologista, o mastologista ou o cirurgião que realizam o diagnóstico de câncer de mama participem do processo de acolhimento e apoio. Caso contrário, patologias como depressão, transtornos de pânico e transtornos de ansiedade podem se desenvolver, principalmente em decorrência da descoberta da doença e de alterações da imagem corporal por conta do tratamento.   

Em estudo recente avaliou a qualidade de vida em pacientes jovens com câncer de mama e que foram submetidas a três modalidades cirúrgicas diferentes (cirurgia conservadora, mastectomia unilateral e mastectomia bilateral). Após questionário de qualidade de vida, um terço das pacientes submetidas à cirurgia conservadora e mais de setenta por cento daquelas que fizeram mastectomia tinham piora considerável de autoestima e qualidade de vida.  

Outro ponto de relevância é a alopecia, efeito colateral que ocorre dependendo do regime quimioterápico, sendo uma das complicações mais temidas pelas pacientes. Há relatos na literatura de que até 10% delas evitem receber quimioterapia com intenção curativa por preocupações centradas na alopecia. Nesse contexto, estratégias como resfriamento do couro cabeludo para redução da queda de cabelo ganham espaço, principalmente em estudos prospectivos recentes, aumentando nossa compreensão sobre tais técnicas e seus resultados. Um estudo em pacientes com neoplasia de mama estádio I e II, recebendo quimioterapia adjuvante e técnicas de resfriamento, usou a definição de alopecia para medir o sucesso desta intervenção. Como conclusão, a touca térmica conseguiu evitar alopecia em metade dos pacientes, demonstrando uma alta taxa de sucesso.  

Dra. Débora conclui que as alterações físicas e psicossociais relacionadas ao diagnóstico do câncer podem prejudicar a vida dos pacientes de diversas maneiras. A imagem corporal não é só uma questão de aparência e está relacionada a diversos outros fatores da qualidade de vida. Portanto, hoje, mais do que nunca, tanto os oncologistas clínicos quanto cirurgiões devem priorizar a abordagem dessas questões. Assim, poderão ajudar a oferecer um tratamento não só focado em segurança e eficácia, mas também no caráter preventivo de condições de saúde mental associadas ao câncer e ao impacto do tratamento.