Esquema CAPOX + pembrolizumabe como alternativa terapêutica para adenocarcinomas gástrico e da junção gastroesofágica - Oncologia Brasil

Esquema CAPOX + pembrolizumabe como alternativa terapêutica para adenocarcinomas gástrico e da junção gastroesofágica

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Neste estudo de fase II foi avaliada a resposta patológica completa, assim como a SG, SLD e taxa de resposta global de pacientes com adenocarcinoma CG/JGE LA ressecáveis que receberam pembro + CAPOX

Atualmente, a terapia perioperatória é considerada tratamento padrão para adenocarcinomas gástricos e da junção gastroesofágica (CG/JGE) localmente avançados (LA). Embora o bloqueio imunológico de checkpoint (ICB) após quimioradioterapia e ressecção melhorem significativamente a sobrevida livre de doenças (SLD) para o câncer de esôfago, a eficácia do ICB juntamente com a quimioterapia no câncer CG/JGE localmente avançado ainda é desconhecida. Tendo isso em vista, o estudo (NCT 02918162) teve como objetivo avaliar a resposta patológica em pacientes com adenocarcinoma CG/JGE ressecáveis que receberam terapia perioperatória com pembrolizumabe (pembro) + capecitabina e oxiliplatina. 

Neste ensaio clínico de fase II, multicêntrico e braço único, pacientes com adenocarmacino GC/GEJ ressecável receberam pembro (200 mgs), a cada 3 semanas, com capecitabina (625 mg/m2), duas vezes por dia, e oxaliplatina (130 mg/m2), a cada 3 semanas, (CAPOX). Pacientes com ECOG PS de 0-1 receberam CAPOX com pembro por 3 ciclos antes e 3 ciclos após a cirurgia, com um ciclo adicional de pembro pouco antes da cirurgia e 12 meses de manutenção com pembro após quimioterapia adjuvante. O desfecho primário avaliado foi a taxa de resposta patológica completa (RPC). O estudo apresentou poder de detecção de 80% para aumento na taxa de RPC, que foi de de 3% para 15% com um alfa unilateral de 0,05. Os desfechos secundários incluíram taxa de resposta global, SLD e sobrevida global (SG). 

Entre 02/10/2017 e 17/06/2021, 34 pacientes foram inscritos (21 gástricos e 13 GEJ) para avaliação da eficácia do esquema terapêutico. A idade mediana dos pacientes foi de 65 anos, sendo que 17 (50%) pacientes apresentaram PS ECOG de 1. No total, 29 (85%) pacientes foram submetidos à ressecção, dos quais sete obtiveram uma RPC (20,6% dos pacientes valiosos e 24,1% dos que foram submetidos à ressecção). Outros 6 (17,6%) pacientes alcançaram uma CR semelhante e 8 (23,5%) demonstrando um efeito significativo do tratamento na revisão patológica. Um paciente não foi elegível para cirurgia, dois faleceram antes da cirurgia, e 2 tiveram doença metastática diagnosticada durante a cirurgia, logo foram excluídos do estudo. No momento do corte de dados, o seguimento mediano foi de 19 MO. Dos que foram submetidos à ressecção, 4 (13,7%) apresentaram recidiva da doença e 5 (17,2%) faleceram. A probabilidade de sobrevivência em 1 e 2 anos foi de 0,91 (0,82-1,0) e 0,80 (0,64-0,99), respectivamente. Já a sobrevida livre de doença (SLD) mediana e SG não foram atingidos. Em suma, dos 35 pacientes que receberam tratamento, os eventos adversos relacionados ao tratamento (EAs) de grau maior ou igual a 3 foram relatados em 18 pacientes (51%). Já uma nota maior ou igual a 3 nos EAs relacionados à imunidade foram relatadas em 10 pacientes (29%). Por fim, ocorreram três EAs de grau 5, dois possivelmente relacionados ao tratamento (hemorragia gástrica e perfuração gástrica) e um não relacionado ao tratamento (parada cardíaca). 

 Através dos dados apresentados neste estudo, pode-se concluir que em adenocarcinomas CG/JGE localmente atingidos, a combinação CAPOX e pembrolizumabe resultou em uma boa taxa de resposta patológica completa (20,6%). Além disso, a combinação foi bem tolerada e 85,3% dos pacientes foram submetidos à ressecção cirúrgica. Vale ressaltar que este estudo atingiu seu desfecho primário apoiando uma investigação mais aprofundada desse regime como uma boa alternativa para pacientes que dificilmente toleram quimioterapia de combinação tripla. Dessa forma, são necessários dados de estudos correlativos, já em andamento, para melhor entendimento da extensão de tal esquema terapêutico. 

 

Referências:

Phase II trial of perioperative pembrolizumab plus capecitabine and oxaliplatin followed by adjuvant pembrolizumab for resectable gastric and gastroesophageal junction (GC/GEJ) adenocarcinoma  (https://www.abstractsonline.com/pp8/#!/10517/presentation/20151 ).