Diretamente do ASCO 2025, Dr. Fabio Kater☨ comenta estudo apresentado na sessão plenária, onde foi demonstrado que a associação de atezolizumabe como adjuvante à quimioterapia padrão melhora significativamente a sobrevida livre de doença e pode representar um novo padrão adjuvante de tratamento para pacientes com câncer de cólon dMMR estágio III.
☨ Oncologista Clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Durante a sessão plenária do ASCO 2025, um dos destaques foi a apresentação dos resultados do estudo ATOMIC, um ensaio clínico de fase III que promete mudar a abordagem adjuvante no câncer de cólon estágio III com deficiência no reparo de incompatibilidade (dMMR), condição caracterizada pela instabilidade de microssatélites.
O oncologista Fábio Kater, esteve presente no congresso e comentou a relevância dos dados apresentados. “Trata-se do primeiro estudo randomizado que avalia uma estratégia terapêutica para pacientes com câncer de cólon dMMR em cenário adjuvante. Até agora, sequer tínhamos comprovação formal da necessidade de quimioterapia para esse grupo”, afirmou.
O ATOMIC avaliou se o atezolizumabe (atezo) poderia melhorar o prognóstico quando adicionado ao adjuvante 5-fluorouracil, leucovorina mais oxaliplatina (mFOLFOX6) em pacientes com tumores dMMR em estágio III. Foram randomizados 712 pacientes com câncer de cólon dMMR ressecado, para receber o tratamento padrão com mFOLFOX6 por seis meses, ou a combinação de mFOLFOX6 com atezo por seis meses, seguida de mais seis meses de monoterapia com atezo. O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença (SLD).
A SLD em três anos foi de 86,4% no braço atezo, contra 76,6% no braço mFOLFOX6, o que representa uma redução de 50% no risco de recorrência da doença (HR 0,50; IC 95%, 0,35 a 0,72; p<0,0001).
Apesar do entusiasmo com os resultados, o estudo levantou importantes discussões. Não foram incorporadas adaptações baseadas no estudo IDEA (2017), como a possibilidade de encurtar a quimioterapia para três meses em pacientes de menor risco (T3N1), nem avaliado o uso do esquema CAPOX. Outra limitação do estudo foi a ausência de um braço com imunoterapia isolada e a falta de avaliação da presença de DNA tumoral circulante (ctDNA), marcador cada vez mais relevante na estratificação de risco e personalização da terapia adjuvante. Essas limitações metodológicas deixam em aberto a necessidade real de quimioterapia intensiva para todos os pacientes.
Ainda sem dados maduros de sobrevida global, o ATOMIC representa uma mudança importante no paradigma do tratamento de pacientes com câncer de cólon estágio III e dMMR. “Mesmo com lacunas, o estudo é positivo e sinaliza um novo padrão de tratamento para essa população”, concluiu o oncologista.
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