Estudo de coorte prospectiva com dados do mundo real foi publicado na revista Breast Cancer Research Treatment
Um estudo sobre o impacto de fatores sociodemográficos e da cobertura de planos de saúde no diagnóstico e nas características clínico-patológicas do câncer de mama no Brasil foi publicado na revista Breast Cancer Research Treatment. Trata-se de uma coorte prospectiva envolvendo 23 locais do país, que incluiu 2.950 mulheres com câncer de mama invasivo diagnosticadas entre janeiro de 2016 e março de 2018, para avaliar as características sociodemográficas, clínico-patológicas, padrões de tratamento e desfechos dessas pacientes.
Sabe-se que os registros de câncer disponíveis atualmente são deficientes em número e qualidade. Por meio desse estudo AMAZONA III/GBECAM 0115, portanto, os investigadores brasileiros descreveram as características das pacientes no momento do diagnóstico e sua associação com o tipo de seguro saúde, comparando aquelas tratadas pelo sistema público de saúde (63,1%) versus seguro privado e as que pagaram pelo seu tratamento (36,9%).
A idade média de diagnóstico foi de 53,9 anos. A maioria das pacientes (68,6%) tinha câncer de mama em estágio II – III e histologia de carcinoma ductal (80,9%). O subtipo de câncer de mama mais comum foi luminal A-like (48,0%), seguido por luminal B-HER2-positivo-like (17,0%) e triplo-negativo (15,6%). O luminal A foi mais frequente entre as pacientes do setor privado (53,7% vs. 44,2%, p <0,0001), enquanto o luminal B-HER2-positivo (19,2% vs. 14,2%, p = 0,0012) e HER2-positivo (8,8% vs. 5,1%, p = 0,0009) foram mais comuns em pacientes do sistema público.
Apenas 34% das pacientes foram diagnosticadas por meio de exames de triagem. Pacientes com seguro privado foram mais frequentemente diagnosticados com doença em estágio I. Já as pacientes que utilizaram seguro público receberam diagnóstico em estágio III (33,5% vs. 14,7%; valor de p <0,0001). O câncer de mama foi detectado por sintomas com mais frequência em pacientes com seguro público do que em pacientes com seguro privado (74,2% vs 25,8%, respectivamente; valor de p <0,0001).
Pode-se concluir que as pacientes com cobertura de saúde pública foram diagnosticadas com doença sintomática, estágios mais avançados e subtipos mais agressivos quando comparadas às pacientes de seguro privado.
Referências:
Rosa, D.D., Bines, J., Werutsky, G. et al. The impact of sociodemographic factors and health insurance coverage in the diagnosis and clinicopathological characteristics of breast cancer in Brazil: AMAZONA III study (GBECAM 0115). Breast Cancer Res Treat (2020).
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