Este é o primeiro estudo de fase 3 que demonstrou a superioridade da adição de isatuximabe ao lenalidomida + bortezomibe + dexametasona (RVd) versus RVd isolado para DRM negativa em pacientes com mieloma múltiplo recém-diagnosticado elegíveis para transplante
Durante o 63º ASH Annual Meeting & Exposition foi apresentado o GMMG-HD7 (NCT03617731), um estudo de fase 3, aberto, randomizado e multicêntrico, conduzido em 67 centros na Alemanha, que comparou o esquema RVd (lenalidomida + bortezomibe + dexametasona) versus o esquema sem isatuximabe (um anticorpo monoclonal anti-CD38), a fim de avaliar a taxa de doença residual mínima (DRM) após a terapia de indução em pacientes com mieloma múltiplo recém-diagnosticado elegíveis para transplante.
Os pacientes foram igualmente randomizados para receber ou não isatuximabe na dose de 10 mg/kg EV (ciclo 1: dias 1, 8, 15, 22, 29. Ciclos 2 e 3: dias 1, 15, 29). Em ambos os braços, RVd foi administrado por três ciclos de 42 dias, nas seguintes doses:
A randomização para indução foi estratificada de acordo com o R-ISS (revised International Staging System). O desfecho primário foi a negatividade de DRM após a indução. Os secundários incluíram taxas de resposta completa (TRC) após indução e segurança. O corte de dados para a presente análise foi em abril de 2021.
Resultados:
Entre outubro de 2018 e setembro de 2020, 662 pacientes foram incluídos e 658 iniciaram a indução. A idade média foi de 58 anos e as características epidemiológicas foram bem equilibradas entre os braços.
Na indução, 35 (10,6%) e 18 (5,4%) pacientes interromperam o tratamento nos braços RVd versus Isa-RVd (P = 0,02). Entre estes, 8 (2,4%, RVd) versus 7 (2,1%, Isa-RVd) participantes interromperam a indução devido a eventos adversos (EAs), sendo que 293 (89,1%) versus 312 (94,3%) indivíduos nos braços RVd e Isa-RVd, respectivamente, continuaram o tratamento do estudo após a indução.
As taxas de negatividade para DRM após a indução foram de 35,6% versus 50,1% (OR = 1,83; IC 95%: 1,34-2,51, P < 0,001) para RVd vs. Isa-RVd, respectivamente. Análises multivariadas (incluindo braços de tratamento, R-ISS, performance, insuficiência renal, idade e sexo) indicaram que apenas o tratamento com Isa-RVd permaneceu como preditor significativo para aumento de negatividade de DRM após a indução (OR = 1,82; IC 95%: 1,33-2,49, P < 0,001). Enquanto as taxas de RC após a indução ainda não diferiram entre os braços RVd versus Isa-RVd (21,6% vs 24,2%, P = 0,46), a taxa de resposta parcial muito boa ou melhor foi significativamente maior para Isa-RVd (60,5% vs 77,3%, P < 0,001). As taxas de progressão de doença foram 4,0% (RVd) vs 1,5% (Isa-RVd).
Pelo menos um EA (grau ≥ 3) na indução ocorreu em 61,3% (RVd) e 63,6% (Isa-RVd) dos pacientes (P = 0,57). Os EAs mais comuns (grau ≥ 3) foram, respectivamente:
As taxas de EA grave na indução foram semelhantes entre RVd e Isa-RVd (36,3% vs 34,8%, P = 0,75). Oito (RVd) e quatro (Isa-RVd) pacientes vieram à óbito durante a indução.
Os autores concluem que este é o primeiro estudo de fase 3 que demonstrou a superioridade da adição de isatuximabe ao RVd versus RVd isolado para DRM negativa. Não houve aumento das taxas de eventos adversos graves ou descontinuação precoce em pacientes tratados com Isa-RVd em comparação a RVd.
Referências:
1. Goldschmidt H, et al. Addition of Isatuximab to Lenalidomide, Bortezomib and Dexamethasone As Induction Therapy for Newly-Diagnosed, Transplant-Eligible Multiple Myeloma Patients: The Phase III GMMG-HD7 Trial. The 63rd ASH Annual Meeting and Exposition. Abstract 463. 2021. – Demais fontes
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