Estudo KEYLYNK-009: pembrolizumabe + olaparibe vs. pembrolizumabe + quimioterapia após terapia de indução com pembrolizumabe + quimioterapia para câncer de mama triplo negativo (TNBC) localmente recorrente, inoperável ou metastático - Oncologia Brasil

Estudo KEYLYNK-009: pembrolizumabe + olaparibe vs. pembrolizumabe + quimioterapia após terapia de indução com pembrolizumabe + quimioterapia para câncer de mama triplo negativo (TNBC) localmente recorrente, inoperável ou metastático

3 min. de leitura

Os resultados do estudo aberto de fase 2 demonstram que, apesar dos desfechos primários não serem atingidos, ainda é necessário aguardar os resultados futuros para avaliar o potencial da terapia de manutenção em pacientes com câncer de mama triplo negativo (TNBC)

 

O câncer de mama triplo negativo (TNBC, do inglês: triple-negative breast cancer) é caracterizado pela ausência de expressão dos receptores de estrógeno e progesterona (ER e PR), assim como pela ausência de superexpressão do receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER-2). Esse subtipo representa de 10 a 20% de todos os casos da doença.  

A combinação de pembrolizumabe com quimioterapia já demonstrou ser capaz de melhorar a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG) em pacientes com TNBC. No entanto, a busca por regimes de manutenção é essencial para sustentar os benefícios clínicos obtidos durante a terapia de indução.  A terapia de manutenção com olaparibe, um inibidor da enzima PARP com papel crucial no reparo de DNA, é reconhecida como eficaz para vários tipos de tumores sensíveis à platina e estudos prévios indicam que a combinação de inibidores de PARP com inibidores de PD-1/PD-L1 pode aumentar sua eficácia terapêutica. 

Na fase 2 do estudo KEYLYNK-009 que investiga a eficácia e segurança da terapia de manutenção com olaparibe, pacientes com TNBC localmente recorrente, inoperável ou metastático e sem histórico de quimioterapia receberam até 6 ciclos de 200 mg de pembrolizumabe + quimioterapia (carboplatina AUC 2 + 1000 mg/m2 de gencitabina nos dias 1 e 8) a cada 3 semanas como terapia de indução. Aqueles que obtiveram resposta completa, resposta parcial ou doença estável após 4-6 ciclos de tratamento foram randomizados 1:1 para receberem 200 mg de pembrolizumabe a cada três semanas + 300 mg de olaparibe duas vezes ao dia (135 pacientes) ou pembrolizumabe + quimioterapia (136 pacientes), como continuação do regime de indução. Além da resposta ao tratamento de indução, os pacientes também foram estratificados por status PD-L1 (CPS ≥1 vs. CPS <1) e status genômico do tumor (tBRCAm vs. tBRCAwt). 

Após uma mediana de 17,2 meses de acompanhamento, o tratamento de manutenção com pembrolizumabe + olaparibe não resultou em aumento significativo da SLP, cuja mediana foi de 5,5 meses, em comparação com pembrolizumabe + quimioterapia (mediana: 5,6 meses) (HR: 0,98; intervalo de confiança [IC]:95%; 0,72-1,33; p=0,455). No subgrupo de pacientes com mutações em BCRA (tBRCAm), a SLP foi mais loga (mediana: 12,4 meses) no tratamento com pembrolizumabe + olaparibe quando comparado com a SLP do grupo que não recebeu olaparibe (mediana: 8,4 meses) (HR: 0,70; IC: 95%; 0,33-1,48). No entanto, essa diferença não foi observada no subgrupo de pacientes com tumores PD-L1 CPS ≥10 e uma tendência semelhante foi observada no desfecho de SG.  

A maioria dos pacientes apresentaram eventos adversos (EAs) relacionados ao tratamento, com taxas de 84,4% no grupo que recebeu pembrolizumabe + olaparibe e 96,2% no grupo que recebeu pembrolizumabe + quimioterapia. EAs de grau ≥3 foram observados em 32,6% dos pacientes que receberam pembrolizumabe + olaparibe (nenhuma morte) e em 68,4% dos pacientes que receberam pembrolizumabe + quimioterapia (2 mortes ou 1,5%). 

Embora o estudo não tenha atingido seus objetivos primários de SLP e SG, observou-se que pacientes com mutações tumorais BRCA (tBRCAm) apresentaram tendências promissoras para melhora da SLP e SG quando tratados com pembrolizumabe + olaparibe em comparação com o tratamento à base de pembrolizumabe + quimioterapia, indicando um potencial estratégia de manutenção. No entanto, os autores acreditam que mais dados são necessários para confirmar este efeito. 

 

Referências

  1. Freitas-Junior R, de Oliveira VM, Frasson AL, et al. Management of early-stage triple-negative breast cancer: recommendations of a panel of experts from the Brazilian Society of Mastology. BMC Cancer. 2022;22(1):1201. https://doi.org/10.1186%2Fs12885-022-10250-x.
  2. Rugo H, Robson M, Im S. Pembrolizumab + Olaparib vs Pembrolizumab + Chemotherapy After Induction With Pembrolizumab + Chemotherapy for Locally Recurrent Inoperable or Metastatic TNBC: Randomized Open-Label Phase 2 KEYLYNK-009 Study. San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS), 2023.  

Conteúdo restrito para médicos, entre ou crie sua conta gratuitamente

Faça login

Crie sua conta

Apenas médicos podem criar contas, insira abaixo seu CRM e Estado do CRM para validação