Estudo PANAMA demonstra superioridade de panitumumabe como terapia de manutenção no câncer de cólon metastático RAS selvagem - Oncologia Brasil

Estudo PANAMA demonstra superioridade de panitumumabe como terapia de manutenção no câncer de cólon metastático RAS selvagem

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Estudo PANAMA alcança seu desfecho primário e demonstra superioridade de panitumumabe durante a terapia de manutenção no câncer de cólon metastático RAS selvagem

O desenvolvimento de terapias de manutenção no manejo do câncer colorretal metastático é baseado na necessidade clínica de descontinuar ou reduzir quimioterapias à base de oxaliplatina devido à toxicidade limitante, especialmente neurotoxicidade cumulativa. Portanto, os conceitos de terapia de manutenção geralmente são livres de oxaliplatina. Nesse sentido, esetembro de 2021, foram publicados no Journal of Clinical Oncology os dados de sobrevida livre de progressão (SLP) do estudo clínico PANAMA (NCT01991873), um ensaio clínico de fase II, randomizado, controlado e aberto, que avaliou a eficácia do panitumumabe, um anticorpo anti-EGFR, durante a terapia de manutenção com fluorouracil + ácido folínico em pacientes com câncer de cólon metastático RAS selvagem. 

Após a terapia de indução (em 1ª linha) por 6 ciclos com fluorouracil + ácido folínico + oxaliplatina (FOLFOX) + panitumumabe, os pacientes que responderam (ou seja, que apresentaram doença estável, resposta parcial ou resposta completa anti-tumoral) foram aleatoriamente designados na razão 1:1 para tratamento de manutenção com: fluorouracil + ácido folínico + panitumumabe; ou fluorouracil + ácido folínico. 

O objetivo principal deste estudo foi demonstrar a superioridade em termos de SLP no grupo contendo panitumumabe. Os desfechos secundários, por sua vez, incluíram sobrevida global (SG), taxa de resposta objetiva da terapia de manutenção e toxicidade. 

Resultados: 

Ao todo, 248 pacientes foram recrutados, sendo 125 participantes designados para o braço da manutenção com panitumumabe e 123 para o braço sem o anti-EGFR. No corte de dados em 3 de março de 2021, a SLP mediana com a terapia de manutenção foi significativamente maior com fluorouracil + ácido folínico + panitumumabe em relação ao braço sem o anticorpo monoclonal (8,8 meses versus 5,7 meses; HR, 0,72; IC 80%: 0,60-0,85; P = 0,014). 

A SG (taxa de eventos de 54%) favoreceu numericamente o braço da manutenção com panitumumabe (28,7 meses versus 25,7 meses; HR 0,84; IC 95%: 0,60-1,18; P = 0,32), porém o ganho não foi estatisticamente significativo. 

As taxas de resposta objetiva foram de 40,8% em pacientes que receberam fluorouracil + ácido folínico + panitumumabe versus 26,0% naqueles que receberam fluorouracil + ácido folínico sozinho (OR 1,96; IC 95%: 1,14-3,36; P = 0,02). 

A maior frequência de eventos adversos de grau ≥ 3 de início durante a terapia de manutenção incluiu erupção cutânea acneiforme (7,2%) no grupo que utilizou panitumumabe, o que demonstra que essa estratégia foi geralmente bem tolerada com uma taxa ligeiramente maior de eventos adversos em comparação ao fluorouracil + ácido folínico sozinho. Ressalta-se, entretanto, que os pacientes foram selecionados para avaliação eficácia e tolerabilidade antes da atribuição aleatória e, portanto, esses resultados devem ser interpretados com cautela. 

Os autores concluem que, no estudo PANAMA, o tratamento de manutenção com fluorouracil + ácido folínico + panitumumabe prolongou significativamente a SLP em comparação à combinação fluorouracil + ácido folínico em pacientes com câncer de cólon metastático RAS selvagem, sendo uma opção terapêutica para pacientes candidatos à terapia de manutenção. 

 

Referências:
1. Modest, Dominik Paul, et al. “Panitumumab Plus Fluorouracil and Folinic Acid Versus Fluorouracil and Folinic Acid Alone as Maintenance Therapy in RAS Wild-Type Metastatic Colorectal Cancer: The Randomized PANAMA Trial (AIO KRK 0212).” Journal of Clinical Oncology (2021): JCO-21.