Estudo PROfound - benefício com olaparibe no tratamento do CPRCm - Oncologia Brasil

Estudo PROfound – benefício com olaparibe no tratamento do CPRCm

Um importante estudo no tratamento do câncer de próstata
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O Dr. Diogo Rosa, oncologista do grupo Oncoclínicas do Rio de Janeiro, comentou um importante estudo, que avaliou o inibidor de PARP olaparibe no tratamento do câncer de próstata resistente à castração metastático (CPRCm). O estudo PROfound teve sua análise de eficácia apresentada no ESMO Congress 2019, que ocorre de 27 de setembro a 01 de outubro, em Barcelona (Espanha).

O oncologista lembrou que o uso de inibidores de PARP para neoplasias que apresentam alterações com perda de função em genes da via de reparo por recombinação homóloga (RRH) já está aprovado para tratamento de câncer de ovário no Brasil, tendo sido estudada também em câncer de mama e de pâncreas.

O PROfound é um ensaio clínico randomizado, de fase III, que comparou o tratamento com o inibidor de PARP olaparibe às opções padrão de enzalutamida e abiraterona, para pacientes com CPRCm. Os pacientes selecionados já haviam progredido a agentes antiandrogênicos periféricos e apresentavam alguma alteração em pelo menos um de 15 genes relacionados a RRH (coorte A: BRCA1, BRCA2 ou ATM; coorte B: BRIP1, BARD1, CDK12, CHEK1, CHEK2, FANCL, PALB2, PPP2R2A, RAD51B, RAD51C, RAD51D ou RAD54L), identificada por meio de painel de sequenciamento de nova geração. Os indivíduos recrutados foram randomizados em razão 2:1 para olaparibe 300 mg/dia ou, à escolha do investigador, enzalutamida ou abiraterona nas doses usuais.

O Dr. Diogo ressaltou o importante benefício visto no desfecho primário de sobrevida livre de progressão radiológica (SLPr) na coorte A, com um ganho significativo em SLPr favorecendo o braço de olaparibe, com medianas de 7,39 meses vs. 3,55 meses (hazard ratio [HR] 0,34; IC 0,25-0,47; p < 0,0001). Destacou também o resultado de sobrevida global (SG), bastante expressivo, considerando-se a possibilidade de crossover entre os braços, com medianas de 18,5 e 15,11 meses para os pacientes em uso de olaparibe e antiandrogênicos (AAD) padrão, respectivamente (HR 0,64; IC 0,43-0,97; p=0,0173), na coorte A.

O oncologista afirmou que esse trabalho “abre um novo parâmetro de conceito de terapia-alvo para câncer de próstata”, num cenário em que o único alvo tradicional utilizado era o receptor de androgênio. Ele ponderou ainda que uma mudança de paradigma deve ocorrer no tratamento do CPRCm com alterações em RRH, mudança que deve ser bem recebida pela comunidade médica, uma vez que tem potencial para beneficiar muito um grupo considerável de pacientes, sabendo que essas alterações genéticas podem estar presentes em 8% a 25% dos casos de câncer de próstata.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site e nas nossas redes sociais.