Os dados auxiliam a estabelecer os genes que conferem predisposição ao câncer de mama, tendo em vista a presença cada vez maior dos testes germinativos na prática clínica
Dois grandes estudos caso-controles dos Estados Unidos, Europa e Ásia identificaram 8 genes com associações significativas com o risco de câncer de mama: BRCA1, BRCA2, PALB2, ARD1, RAD51C, RAD51D, ATM e CHEK2. Os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine no dia 20 de janeiro de 2021.
O primeiro [1] analisou um painel de 28 genes de predisposição ao câncer em aproximadamente 64.000 mulheres dos Estados Unidos (32.247 com câncer de mama).
A equipe analisou variantes da linha germinativa patogênicas através de dados do consórcio CARRIERS (Cancer Risk Estimates Related to Susceptibility) e observou variantes patogênicas em 12 genes de predisposição ao câncer de mama estabelecidos em 5,03% das mulheres com tumores mamários em comparação a 1,63% dos controles.
Alto risco de câncer de mama foi associado às variantes BRCA1 e BRCA2 (OR 7,62 e 5,23, respectivamente); risco moderado à variante PALB2 (OR 3,83). Variantes em BARD1, RAD51C e RAD51D foram associadas ao risco moderado para câncer de mama receptor hormonal negativo (RH–) e câncer de mama triplo-negativo, enquanto variantes patogênicas em ATM, CDH1 e CHEK2 associaram-se a risco aumentado de câncer mama RH+.
O segundo estudo [2] analisou 34 genes em aproximadamente 113.000 mulheres (60.466 com câncer de mama) de 25 países na Europa e na Ásia que participaram de estudos de consórcio.
Variantes de proteína truncada em ATM, BRCA1, BRCA2, CHEK2 e PALB2 foram associadas ao risco significativo de câncer de mama (P < 0,0001), com odds ratio variando de 2,10 para ATM a 10,57 para BRCA1. Associações mais modestas foram encontradas para BARD1 (OR 2,09), RAD51C (OR 1,93), RAD51D (OR 1,80), PTEN (OR 2,25), NF1 (OR 1,76), TP53 (OR 3,06) e MSH6 (OR 1,96).
Semelhante ao primeiro estudo, as variantes em ATM e CHEK2 foram associadas a um risco aumentado de doença RH+. Em contraste, as variantes em BARD1, BRCA1, BRCA2, PALB2, RAD51C e RAD51D apresentaram maiores odds ratio para doença RH-.
O valor do teste BRCA1 e BRCA2 no aconselhamento genético está na possibilidade de prevenir inclusive o câncer de ovário, mas a relação risco-benefício do teste para os genes que não conferem predisposição ao câncer de ovário é mais sutil, como no caso das variantes CHEK2 e ATM. Neste sentido, a estratégia consiste apenas em rastreamento e o NCCN (National Comprehensive Cancer Network) recomenda a triagem com ressonância magnética de pelve a partir dos 40 anos de idade para portadoras de variantes em CHEK2 e ATM; tal vigilância intensificada, entretanto, ainda não provou reduzir a mortalidade nessas mulheres.
Os autores concluem que a incorporação de dados de histórico familiar e análises combinadas com outros estudos podem aumentar ainda mais a precisão desses dados.
Referências:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.