FAKTION: Capivasertibe mais fulvestranto em câncer de mama metastático HER2-/ER+ resistente a inibidor de aromatase - Oncologia Brasil

FAKTION: Capivasertibe mais fulvestranto em câncer de mama metastático HER2-/ER+ resistente a inibidor de aromatase

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A MDHealth traz, direto da Reunião Anual da ASCO de 2022, em Chicago – EUA,  Dr. Robert Hugh Jones, professor de Oncologia Médica da Universidade de Cardiff e diretor médico Associado de R&D na Universidade de Velindre NHS Trust  

Neste vídeo, Dr. Robert Hugh Jones comenta sobre dados maduros do estudo FAKTION, onde mostra uma atualização da sobrevida global e da sobrevida livre de progressão após análise aprimorada de biomarcadores. Não deixe de conferir os comentários e análise do especialista! 

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum em todo o mundo, sendo o receptor de estrogênio (ER) expresso na maioria dos tumores. As terapias endócrinas direcionadas ao ER são um componente integral do tratamento do câncer de mama ER+, mas a resistência se desenvolve em quase todos os pacientes com doença avançada. Vários mecanismos de resistência foram identificados, incluindo alteração da via PI3K/AKT. Essa via é alterada em mais de 50% dos cânceres de mama avançados positivos para receptores de estrogênio. O capivasertibe é um inibidor potente e seletivo das três isoformas de AKT. Dados pré-clínicos mostram atividade sinérgica com fulvestranto em modelos endócrino-sensíveis e endócrinos-resistentes de câncer de mama ER+. 

No estudo FAKTION de fase 2, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo foram recrutadas mulheres na pós-menopausa com idade mínima de 18 anos com câncer de mama receptor de estrogênio positivo, HER2 negativo, metastático ou localmente avançado inoperável que tiveram recaída ou progrediram com um inibidor de aromatase. Os primeiros resultados desse estudo clínico mostraram que a sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com câncer de mama avançado HER2- / ER+ resistente a inibidor de aromatase (IA) foi significativamente maior com fulvestranto mais capivasertibe versus fulvestranto mais placebo. No momento da análise, o benefício da SLP associado ao capivasertibe não estava restrito a pacientes com mutações ativadoras em PIK3CA (E542K, E545K, H1047R ou H1047L) ou proteína PTEN nula.  

Os resultados apresentados por R. H. Jones na Reunião Anual da ASCO 2022 relata dados maduros do estudo FAKTION, onde mostra uma atualização da sobrevida global e da sobrevida livre de progressão após análise aprimorada de biomarcadores. Para essa análise, amostras de tecido e plasma disponíveis foram enviadas para sequenciamento de nova geração (NGS) com os ensaios Foundation One CDx e GuardantOMNI. A “via alterada” (PA) foi definida como qualquer mutação ativadora em PIK3CA (éxons 1,4,7,9,20) ou AKT1 (mutação E17K) ou alterações inativadoras em PTEN. Para amostras não testadas por NGS, foram usados ​​resultados de PCR Digital em Gotas (ddPCR) PIK3CA e AKT1. A concordância entre as mutações identificadas por ddPCR e NGS subsequente foi de 97%. 

Em janeiro de 2022, 108 eventos de sobrevida global (SG) foram relatados (77% de maturidade) na população com intenção de tratar (ITT). A SG mediana foi de 29,3 vs. 23,4 meses nos braços capivasertibe (n= 69) vs. placebo (n= 71) respectivamente (HR 0,66; IC95% 0,45 – 0,97; p= 0,035). Na análise aprimorada de biomarcadores, 76 participantes foram classificados como PA em comparação com 59 na análise original. No grupo PA, SG foi de 39,0 vs. 20,0 meses nos braços capivasertibe vs. placebo, respectivamente (HR 0,46; IC95% 0,27 – 0,79; p= 0,005). Dentro do grupo de via não alterada (PNA), a SG mediana foi de 26,0 vs. 25,2 meses nos braços capivasertibe vs. placebo, respectivamente (HR 0,86; IC95% 0,49 – 1,52; p= 0,60). Na análise SLP atualizada, a vantagem na população ITT persistiu com capivasertibe vs. placebo (mediana 10,3 vs. 4,8 meses, HR 0,56; IC95% 0,38 – 0,81; p = 0,002). A análise de SLP contra os subgrupos de biomarcadores atualizados mostra uma melhora significativa na SLP no grupo PA: 12,8 vs. 4,6 meses nos braços de capivasertibe vs. placebo, respectivamente (HR 0,44; IC95% 0,26 – 0,72; p= 0,001). No grupo PNA, a SLP mediana foi de 7,7 vs. 4,9 meses nos braços capivasertibe vs. placebo, respectivamente (HR 0,70; IC95% 0,40 – 1,25; p= 0,23). 

O estudo conclui que a análise atualizada dos dados do estudo FAKTION mostra uma melhora significativa na SG na população ITT. A análise aprimorada de subgrupos sugere que o benefício de capivasertibe tanto na SLP quanto na SG pode ser predominantemente em pacientes com tumores alterados na via PIK3CA/AKT1/PTEN, mas mais elucidações serão fornecidas a partir do estudo CAPItello-291 de Fase 3 em andamento, no qual participantes com PA e Tumores PNA foram recrutados. 

Referência: 

1 – Abstract 1005 – Robert Hugh Jones et al., Fulvestrant plus capivasertib versus fulvestrant plus placebo after relapse or progression on an aromatase inhibitor in metastatic, estrogen receptor–positive breast cancer (FAKTION NCT01992952): Overall survival and updated progression-free survival data with enhanced biomarker analysis. 2022 ASCO Annual Meeting. 

2 – Robert Hugh Jones et al., Fulvestrant plus capivasertib versus placebo after relapse or progression on an aromatase inhibitor in metastatic, oestrogen receptor-positive breast cancer (FAKTION): a multicentre, randomised, controlled, phase 2 trial. Lancet Oncol. 2020 Mar; 21(3): 345–357.doi: 10.1016/S1470-2045(19)30817-4.