FDA aprova nova terapia para pacientes com mieloma múltiplo - Oncologia Brasil

FDA aprova nova terapia para pacientes com mieloma múltiplo

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A agência regulatória americana Food and Drug Administration (FDA) concedeu no dia 02 de março de 2020 aprovação a isatuximabe-irfc (Sarclisa®) para uso em combinação com pomalidomida e dexametasona para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo que receberam 2 ou mais terapias prévias, incluindo lenalidomida e um inibidor de proteassoma.

A aprovação foi baseada nos resultados do estudo multicêntrico de fase III ICARIA-MM que incluiu 307 pacientes com mieloma múltiplo recidivado/refratário que receberam duas ou mais linhas de tratamento anteriores, incluindo lenalidomida e um inibidor de proteassoma (IP).

Os pacientes com idade média de 67 anos (36 a 86) receberam uma mediana de 3 (2 a 11) linhas de terapia anteriores. foram randomizados em dois braços para receber isatuximabe (n= 154) e controle com pomalidomida e dexametasona (n=153). No geral, 92,5% dos pacientes eram refratários à lenalidomida, 75,9% refratários ao IP e 19,5% tinham com alterações citogenéticas de alto risco.

A adição de isatuximabe a pomalidomida e dexametasona (baixa dose) levou a uma redução superior a 40% no risco de progressão doença ou morte, em comparação com a pomalidomida e a dexametasona isoladamente (Pd). Além disso, as taxas de resposta objetiva (TRO) foram de 60,4% e 35,3%, respectivamente (P <0,0001). A refratariedade era semelhante entre os braços, 97,4% dos pacientes no braço isatuximabe e 98,7% dos pacientes no braço Pd eram refratários à última linha de terapia; sendo refratariedade à lenalidomida na última linha, 60,4% e 57,5%, respectivamente.

O anticorpo monoclonal anti-CD38 isatuximabe foi administrado por via intravenosa (10 mg/kg) uma vez por semana, durante 4 semanas, seguido de duas vezes por semana, durante ciclos de 28 dias, em combinação com pomalidomida e dexametasona padrão durante a terapia. O tratamento foi continuado até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável.

O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão (SLP) e os endpoints secundários incluíram a taxa de resposta global (TRO) e sobrevida global (SG). Em um follow up de 11,6 meses, mediana de SLP foi de 11,53 meses com o regime de isatuximabe em comparação com 6,47 meses com Pd sozinho (HR, 0,596; IC95%, 0,44-0,81; P = 0,001). Os dados SG ainda não estavam maduros no momento da análise, mas havia uma tendência em direção a um benefício de sobrevida para o braço isatuximabe (HR, 0,687; IC95%, 0,461-1,023).

O benefício da SLP foi mantido em vários subgrupos de pacientes, incluindo pacientes com alto risco citogenético (HR, 0,66; IC 95%, 0,33-1,28); pacientes refratários à lenalidomida (HR, 0,59; IC95%, 0,43-0,82); pacientes refratários à lenalidomida na última linha anterior (HR, 0,50; IC 95%, 0,34-0,76); pacientes refratários a um IP (HR, 0,58; IC95%, 0,41-0,82); e pacientes refratários à lenalidomida e um inibidor do proteassoma (HR, 0,58; IC 95%, 0,40-0,84).

A TRO no grupo isatuximabe compreendeu taxa de resposta completa (RC)/RC estrita de 4,5%, uma taxa de resposta parcial muito boa de 27,3% e uma taxa de resposta parcial de 28,6%. Os números correspondentes para o braço de controle foram de 2,0%, 6,5% e 26,8%, respectivamente.

O tempo médio para a primeira resposta foi de 35 dias com isatuximabe + Pd em comparação com 58 dias para o regime Pd. O tempo para a próxima terapia não foi atingido no braço do isatuximabe em comparação com 9,1 meses no braço de controle (HR, 0,538; IC 95%, 0,382-0,758). Sessenta pacientes no grupo isatuximabe e 83 pacientes no grupo isolado com Pd receberam terapia subsequente, que incluíram agentes alquilantes (66,7% dos pacientes no braço de isatuximabe versus 39,8% dos pacientes no braço isolado de Pd), IPs (56,7% vs 47,0%, respectivamente), IMiDs (23,3% vs 22,9%) e daratumumabe ( 10,0% vs 54,2%).

A progressão da doença foi a principal razão para a descontinuação em ambos os braços. Sendo 56,5% em isatuximabe e 74,5% dos pacientes no braço Pd. Eventos adversos emergentes do tratamento (TEAEs) grau ≥3 ocorreram em 86,8% do braço do isatuximabe em comparação com 70,5% do braço de controle. Os óbitos relacionados aos TEAEs ocorreram em 7,9% e 9,4% dos 2 braços, respectivamente. Pneumonia grau 4 ocorreu em 1,3% dos pacientes em cada braço.

Os TEAEs de grau 3 mais comuns no braço de isatuximabe foram pneumonia (15,1% vs 13,4% no braço isolado de Pd), fadiga (3,9% vs 0%, respectivamente), dispneia (3,9% vs 1,3%), infecção do trato respiratório superior (3,3% vs 0,7%), astenia (3,3% vs 2,7%) bronquite (3,3% vs 0,7%), diarreia (2,0% vs 0,7%) e dor nas costas (2,0% vs 1,3%).

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