Ganhos funcionais com novas técnicas de cirurgia robótica para tratamento do câncer de próstata - Oncologia Brasil

Ganhos funcionais com novas técnicas de cirurgia robótica para tratamento do câncer de próstata

Técnicas de cirurgia robótica têm sido cada vez mais utilizadas em medicina, minimizando agressões e reduzindo o número de complicações.
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Técnicas de cirurgia robótica têm sido cada vez mais utilizadas em medicina, na tentativa de minimizar agressões e reduzir o número de complicações associadas a procedimentos cirúrgicos. Um novo trabalho do A. C. Camargo Cancer Center comparou diferentes técnicas de cirurgia robótica para prostatectomia radical, com o intuito de mostrar benefícios relacionados à preservação de função nos pacientes avaliados.

O Dr. Gustavo Guimarães, primeiro autor do estudo, comentou os principais achados do trabalho, publicado no Journal of Endourology. O grupo apresentou resultados de pacientes com câncer de próstata localizado, tratados cirurgicamente com intuito curativo.

Com pacientes submetidos às técnicas robóticas transperitoneal (n = 228) e extraperitoneal (n = 456), estratificados a partir de um banco de dados de 1088 pacientes, os pesquisadores realizaram análises pareadas, buscando entender principalmente a capacidade da nova técnica extraperitoneal (grupo 2) de reproduzir os resultados da técnica padrão (grupo 1), em termos de recuperação da potência e da continência dos indivíduos operados.

A técnica nova, conforme explica o Dr. Gustavo, envolvia a não abertura da fáscia endopélvica e não ligadura do complexo dorsal, bem como hemostasia com energia bipolar e não com clipes. Os resultados mostraram que a técnica extraperitoneal não só é factível como apresentou melhores resultados na recuperação da potência sexual, que, após 12 meses da cirurgia, foi atingida por 75,1% dos pacientes submetidos a essa técnica, em comparação a 53,5% daqueles em que foi feita a abordagem padrão (figura).

Curva Kaplan-Meier considerando recuperação da função erétil em pacientes com ou sem medicação.

Curva Kaplan-Meier considerando recuperação da função erétil em pacientes com ou sem medicação.

A preservação da continência urinária foi muito similar entre os grupos, com medianas para recuperação funcional de 6,6 meses (grupo 1) e 5,8 meses (grupo). Além disso, as taxas de pacientes com recuperação da continência 12 meses ou mais após a cirurgia foram de 97,2% (grupo 1) e 98,1% (grupo 2).

Já as complicações cirúrgicas ocorreram em incidências próximas entre os dois grupos, sendo que as complicações leves, que correspondem à maioria dos eventos adversos registrados, foram observadas em 8,8% (grupo 1) e 9,0% (grupo 2) dos pacientes.

Devido a um tempo ainda pequeno de seguimento, os resultados oncológicos não puderam ser comparados com previsão, mas o trabalho é mais um dado que reforça a segurança dessas novas técnicas e os potenciais benefícios que elas podem trazer aos pacientes e que revela a robustez e a capacidade técnica dos centros brasileiros para desempenhar cirurgias complexas e conduzir pesquisas de grande importância nesse cenário.

Você pode ler o artigo completo do Journal of Endourology.

Assista o comentário do Dr. Gustavo Guimarães: