Gencitabina e cisplatina como quimioterapia neoadjuvante no carcinoma urotelial do trato superior - Oncologia Brasil

Gencitabina e cisplatina como quimioterapia neoadjuvante no carcinoma urotelial do trato superior

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Estudo clínico de fase II analisou a utilização de gencitabina e cisplatina em pacientes com carcinoma urotelial do trato superior de alto risco antes da ressecção cirúrgica, e obteve resultados favoráveis

A quimioterapia neoadjuvante mostrou benefícios de sobrevida no carcinoma urotelial invasivo da bexiga, porém ainda não se conhece o seu papel no carcinoma urotelial do trato superior. Neste estudo, os pacientes elegíveis foram submetidos ao tratamento neoadjuvante com gencitabina e cisplatina (GC) antes do procedimento cirúrgico para avaliação da resposta, sobrevida e tolerabilidade. 

Este é um estudo de fase II, no qual pacientes com carcinoma urotelial do trato superior de alto risco receberam quatro ciclos de GC antes da ressecção cirúrgica e dissecação de linfonodos, e o desfecho primário analisado foi a taxa de resposta patológica (definida como < pT2N0). Os pacientes que apresentaram doença progressiva ou inoperáveis foram considerados como falha de tratamento. Também foram analisadas a sobrevida livre de progressão, sobrevida global, segurança e tolerância como desfechos secundários.  

Dos 57 participantes, 63% apresentaram resposta patológica, atingindo o desfecho primário do estudo. A resposta completa, definida como pT0N0, foi observada em 11 pacientes (19%). 70% dos pacientes toleraram os 4 ciclos de GC. Todos os participantes do estudo foram submetidos à cirurgia, sendo 7% a taxa de complicação de 90 dias grau 3. O seguimento mediano entre os sobreviventes foi de 42,3 meses e 6 pacientes foram a óbito durante o período.  

A sobrevida livre de progressão de dois e cinco anos foi de 76% (IC 95% 66-89) e 61% (IC 95% 47-78), respectivamente. A sobrevida global de dois e cinco anos foi de 93% (IC 95% 86-100) e 79% (IC 95% 67-94), respectivamente.  

Os pacientes que atenderam ao desfecho primário do estudo (resposta patológica) apresentaram um incremento na sobrevida livre de progressão e na sobrevida global em relação aos que não responderam (SLP de dois anos 91% vs 52%, p < 0,001; SG de dois anos 100% vs 80%, p < 0,001).  

A partir dos dados do estudo, percebe-se que a quimioterapia neoadjuvante demonstra resultados de resposta patológica favorável no carcinoma urotelial do trato superior de alto risco. Além disso, o estudo demonstrou que o tratamento foi bem tolerado exigindo atraso mínimo no procedimento cirúrgico, sem gerar risco significativo de complicações perioperatórias, podendo essa terapêutica ser considerada futuramente como um novo padrão de tratamento para pacientes com carcinoma urotelial de trato superior de alto risco.  

 

Referências: Wesley Yip et al., Final results of a multicenter prospective phase II clinical trial of gemcitabine and cisplatin as neoadjuvant chemotherapy in patients with high-grade upper tract urothelial carcinoma. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 6; abstr 440). DOI: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.440.