5 min. de leituraDra. Milena Shizue Tariki– CRM: 115749 – SP
Médica oncologista no A.C. Camargo Cancer Center
Este ano, a ASCO GU bexiga trouxe discussões de novos tratamentos inovadores para câncer de bexiga não músculo invasivo, potenciais novos biomarcadores de biópsia líquida preditores e prognósticos, atualização de estudos practice-changing já apresentados em 2024, com follow-up mais longo e novas terapias de anticorpo conjugado a droga anti HER-2.
Na doença não musculo-invasiva, terapias intravesicais após falha de BCG (nadofaragene firadenovac, TAR-200) foram bastante discutidas com alternativa a cistectomia radical, além de tratamentos combinados com inibidores checkpoint associados e quimioterapia (gemcitabina + docetaxel) na doença de alto risco.¹-³
A biópsia líquida baseada ctDNA e utDNA ganharam espaço para discussão principalmente no cenário neoadjuvante. Pacientes que apresentam ctDNA detectável baseline no tratamento neoadjuvante, principalmente quando continuam sendo positivos após o tratamento neoadjuvante, tem se mostrado um importante fator prognóstico e preditivo de resposta ao tratamento sistêmico.4,5 Após a cirurgia, ctDNA positivo é um potencial biomarcador de benefício de inibidor checkpoint adjuvante, conforme evidenciado em subanálise do estudo IMVIGOR 010 e é objeto de investigação em estudo fase III IMVIGOR 011 (NCT04660344).⁶-⁷
Dados de intensificação de tratamento sistêmico neoadjuvante com quimioterapia e imunoterapia (cisplatina + gemcitabina +/- durvalumabe) avaliada no estudo fase III NIAGARA foram atualizados. Em termos de eficácia, o braço da associação com durvalumabe continua a demonstrar benefício com redução de 33% do risco de desenvolver metástase a distância e de 31% do risco de morte. Continua a haver aumento de resposta patológica completa (37 versus 28%) com o braço de investigação e esse se mantém como importante fator prognóstico. O acréscimo de durvalumabe trouxe benefício tanto para pacientes com resposta patológica completa ou não.⁸
Na neoadjuvância, estudo chinês fase II avaliou disitamabe vedotina (anticorpo conjugado a droga anti-HER2) associado a anti-PD-1 toripalimabe em pacientes com expressão imunohistoquímica de HER2 ≥ 1+. Nesse estudo, 47 pacientes foram tratados (maioria expressão Her2++ e N-) e em impressionantes 63,6%, houve resposta patológica completa. A toxicidade foi compatível com dados já apresentados na ASCO.⁹
O tratamento adjuvante com nivolumabe no câncer de bexiga localizado de alto risco (Checkmate 274) continua a demonstrar aumento de DFS no seguimento mais longo, de 3 anos, com redução de 37% do risco de progressão, com aparente maior magnitude de benefício em pacientes PD-L1 positivos. A sobrevida global permanece imatura.¹⁰
Na doença avançada, o estudo EV-302 trouxe atualização de mais de 2 anos de seguimento. A associação de enfortumabe vedotina e pembrolizumabe continua a acrescentar o dobro em sobrevida livre de progressão (12,5 versus 6,3 meses) e sobrevida global (33,8 versus 15,9 meses), além de taxa de resposta (67.5% versus 44.2%). O benefício em sobrevida global e livre de progressão ocorreu independente de elegibilidade a platina ou expressão de PD-L1 e não houve novos alertas para toxicidade.¹¹
O ASCO® GU 2025 trouxe atualizações importantes para o câncer de bexiga, incluindo novas opções terapêuticas, como tratamentos pós-BCG e anticorpos conjugados, além do ctDNA como biomarcador prognóstico. Esses avanços oferecem novas perspectivas no tratamento e acompanhamento dos pacientes, com benefícios comprovados em sobrevida e controle da doença.
Referências
- Bellmunt J, Hussain M, Gschwend JE, Albers P, Oudard S, Castellano D, Daneshmand S, Nishiyama H, Majchrowicz M, Degaonkar V, Shi Y, Mariathasan S, Grivas P, Drakaki A, O’Donnell PH, Rosenberg JE, Geynisman DM, Petrylak DP, Hoffman-Censits J, Bedke J, Kalebasty AR, Zakharia Y, van der Heijden MS, Sternberg CN, Davarpanah NN, Powles T; IMvigor010 Study Group. Adjuvant atezolizumab versus observation in muscle-invasive urothelial carcinoma (IMvigor010): a multicentre, open-label, randomised, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2021 Apr;22(4):525-537. doi: 10.1016/S1470-2045(21)00004-8. Epub 2021 Mar 12. PMID: 33721560; PMCID: PMC8495594.
- Boorjian SA, Alemozaffar M, Konety BR, Shore ND, Gomella LG, Kamat AM, Bivalacqua TJ, Montgomery JS, Lerner SP, Busby JE, Poch M, Crispen PL, Steinberg GD, Schuckman AK, Downs TM, Svatek RS, Mashni J Jr, Lane BR, Guzzo TJ, Bratslavsky G, Karsh LI, Woods ME, Brown G, Canter D, Luchey A, Lotan Y, Krupski T, Inman BA, Williams MB, Cookson MS, Keegan KA, Andriole GL Jr, Sankin AI, Boyd A, O’Donnell MA, Sawutz D, Philipson R, Coll R, Narayan VM, Treasure FP, Yla-Herttuala S, Parker NR, Dinney CPN. Intravesical nadofaragene firadenovec gene therapy for BCG-unresponsive non-muscle-invasive bladder cancer: a single-arm, open-label, repeat-dose clinical trial. Lancet Oncol. 2021 Jan;22(1):107-117. doi: 10.1016/S1470-2045(20)30540-4. Epub 2020 Nov 27. PMID: 33253641; PMCID: PMC7988888.
- Hahn N, Zahurak M, Kaimakliotis H, Masterson T, Adra N, Chen D, et al. A phase 1/2 trial of durvalumab plus intravesical gemcitabine and docetaxel in BCG-unresponsive non-muscle invasive bladder cancer patients (HCRN GU16-243: ADAPT-BLADDER Cohort 4). J Clin Oncol 43, 2025 (suppl 5; abstr 667). doi: 10.1200/JCO.2025.43.5_suppl.667.
- Christensen E, Birkenkamp-Demtröder K, Sethi H, Shchegrova S, Salari R, Nordentoft I, Wu HT, Knudsen M, Lamy P, Lindskrog SV, Taber A, Balcioglu M, Vang S, Assaf Z, Sharma S, Tin AS, Srinivasan R, Hafez D, Reinert T, Navarro S, Olson A, Ram R, Dashner S, Rabinowitz M, Billings P, Sigurjonsson S, Andersen CL, Swenerton R, Aleshin A, Zimmermann B, Agerbæk M, Lin CJ, Jensen JB, Dyrskjøt L. Early Detection of Metastatic Relapse and Monitoring of Therapeutic Efficacy by Ultra-Deep Sequencing of Plasma Cell-Free DNA in Patients With Urothelial Bladder Carcinoma. J Clin Oncol. 2019 Jun 20;37(18):1547-1557. doi: 10.1200/JCO.18.02052. Epub 2019 May 6. PMID: 31059311.
- Patel, K.M., van der Vos, K.E., Smith, C.G. et al. Association Of Plasma And Urinary Mutant DNA With Clinical Outcomes In Muscle Invasive Bladder Cancer. Sci Rep 7, 5554 (2017). https://doi.org/10.1038/s41598-017-05623-3
- Bellmunt J, Hussain M, Gschwend JE, et al. Adjuvant atezolizumab versus observation in muscle-invasive urothelial carcinoma (IMvigor010): a multicentre, open-label, randomised, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2021;22(4):525-537. doi:10.1016/S1470-2045(21)00004-8
- Jackson-Spence F, Toms C, O’Mahony LF, et al. IMvigor011: a study of adjuvant atezolizumab in patients with high-risk MIBC who are ctDNA+ post-surgery. Future Oncol. 2023;19(7):509-515. doi:10.2217/fon-2022-0868
- Galsky M, Van Der Heijden M, Catto J, Al-Ahmadie H, Meeks J, Nishiyama H, et al. Additional efficacy and safety outcomes and an exploratory analysis of the impact of pathological complete response (pCR) on long-term outcomes from NIAGARA. J Clin Oncol 43, 2025 (suppl 5; abstr 659). 10.1200/JCO.2025.43.5_suppl.659.
- Zhang G, Fu Q, Zhang F, Yang F, Hou H. Efficacy and safety of disitamab vedotin combined with toripalimab as neoadjuvant treatment for patients with locally advanced muscle-invasive bladder cancer: A mono-institutional retrospective study J Clin Oncol 43, 2025 (suppl 5; abstr 726). doi: 10.1200/JCO.2025.43.5_suppl.726.
- Milowsky M, Galsky M, Witjes J, Gschwend J, Schenker M, Perez Valderrama B, et al. Adjuvant nivolumab (NIVO) vs placebo (PBO) for high-risk muscle-invasive urothelial carcinoma (MIUC): Additional efficacy outcomes including overall survival (OS) in patients (pts) with muscle-invasive bladder cancer (MIBC) from CheckMate 274 J Clin Oncol 43, 2025 (suppl 5; abstr 658). doi: 10.1200/JCO.2025.43.5_suppl.658.
- Powles T, Van Der Heijden M, Loriot Y, Bedke J, Valderrama B, Iyer G, et al. EV-302: Updated analysis from the phase 3 global study of enfortumab vedotin in combination with pembrolizumab (EV+P) vs chemotherapy (chemo) in previously untreated locally advanced or metastatic urothelial carcinoma (la/mUC). J Clin Oncol 43, 2025 (suppl 5; abstr 664). doi: 10.1200/JCO.2025.43.5_suppl.664.