Resultados de vida real de pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) recidivado ou refratário tratados com células CAR T foram recentemente apresentados durante a Reunião Anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH) de 2022. Os dados descrevem o impacto do tempo ‘veia a veia’ nos desfechos clínicos do paciente
O processo descrito como ‘veia a veia’ é definido pelas etapas que ocorrem entre a leucaférese de pacientes elegíveis à terapia CART até a infusão da mesma no paciente. Esta análise de mundo real revela que tempos mais curtos do processo “veia a veia” estão associados a melhores resultados em pacientes tratados com Axicabtageno ciloleucel, ajustados para os principais fatores prognósticos.
Esse estudo de vida real avaliou pacientes tratados com Axicabtageno ciloleucel entre outubro de 2017 e agosto de 2020 a partir de dados do Centro Internacional de Pesquisa de Transplante de Sangue e Medula (CIBMTR). Entre todos os pacientes na análise (n=1.383 tratados em 79 centros de tratamento autorizados dos EUA), o tempo médio para o processo de infusão “veia a veia” de Axicabtageno ciloleucel foi de 27 dias, incluindo a aférese, o transporte pré e pós-fabricação, o tempo de fabricação, o agendamento e a preparação hospitalar, com a preparação prévia do paciente antes de receber o tratamento com CAR T. O tempo médio de fabricação de Axicabtageno ciloleucel é de 7 dias desde o enriquecimento celular até a formulação final, com um tempo médio total de 16 dias nos EUA (da leucaférese até a liberação do produto) e, 19 dias na União Europeia.
Na mesma análise, o menor tempo de infusão do processo “veia a veia” foi associado à uma taxa de Resposta Completa (RC) e Sobrevida Global (SG) favoráveis. Com acompanhamento médio de 24,2 meses, para pacientes com menos de 28 dias ou 28-39 dias do processo veia a veia, as taxas de RC foram de 60% ou 61%, respectivamente, em comparação à taxa de RC de 50% entre pacientes com tempo de veia a veia de 40 dias ou mais. A taxa de SG aos 24 meses foi de 53% entre os pacientes com tempo de veia a veia até 39 dias versus 38% em pacientes com 40 dias ou mais.
Taxas semelhantes de síndrome de liberação de citocinas (SLC) de grau ≥3, síndrome de neurotoxicidade associada às células efetoras imunes (ICANS) de grau >3 e neutropenia
prolongada foram observadas, independentemente do tempo de veia a veia. Pacientes com menor tempo de veia a veia tiveram risco reduzido de trombocitopenia. A ocorrência de ICANS de qualquer grau pode ser maior entre pacientes com tempo veia a veia inferior a 28 dias, mas a maioria foi resolvida em 21 dias a partir do início, independentemente do tempo veia a veia1.
Segundo um dos autores do estudo, Frederick L. Locke, presidente do Departamento de Transplante de Sangue e Medula e de Imunoterapia Celular do Moffitt Cancer Center, “Esses dados de vida real esclarecem, ainda mais, o impacto positivo que uma redução no tempo do processo “veia a veia” pode ter nos resultados dos pacientes. Estudos adicionais devem ser realizados para entender melhor o impacto do tempo no processo “veia a veia” nos resultados do tratamento no contexto de outras características prognósticas, como a necessidade de fazer terapia ponte e a carga tumoral. É importante que oncologistas que utilizam CAR T e terapeutas celulares procurem entender o impacto potencial do tempo perdido para oferecer o melhor resultado CAR T possível aos seus pacientes”.
Referências:
1. DOF US Kite CAR T-Cell Therapy Turnaround Time. Kite Internal Communication. Attested October 2022.
2. Locke F, et al. Real‑world Impact of Time From Leukapheresis to Infusion (Vein‑to‑Vein Time) in Patients With Relapsed or Refractory Large B‑cell Lymphoma Treated With Axicabtagene Ciloleucel. Abstract #3345 (Poster) presented at the 2022 American Society of Hematology (ASH) Annual Meeting & Exposition.
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