Imunoterapia com durvalumabe é nova opção de tratamento aprovada pela ANVISA para o câncer de endométrio avançado - Oncologia Brasil

Imunoterapia com durvalumabe é nova opção de tratamento aprovada pela ANVISA para o câncer de endométrio avançado

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Resultados promissores do estudo DUO-E na redução do risco de progressão da doença impulsionam aprovação do durvalumabe pela ANVISA para tratamento de câncer de endométrio 

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou recentemente uma nova opção de tratamento para mulheres enfrentando o câncer de endométrio, uma forma comum de câncer, com incidência crescente e aproximadamente 8 mil novos casos diagnosticados anualmente no Brasil. O tratamento aprovado combina imunoterapia com durvalumabe e quimioterapia em primeira linha, especificamente para pacientes com estágio avançado da doença (estágio III e IV), e traz novas perspectivas em um cenário cujas opções terapêuticas são limitadas e a taxa de sobrevida em 5 anos é de 20% a 30%. A adição do durvalumabe traz os benefícios de um inibidor de checkpoint imunológico da proteína PD-L1, frequentemente expressa por células tumorais como uma estratégia para evadir o sistema imunológico, incluindo a imunoterapia para tratar pacientes com câncer de endométrio. 

A decisão da ANVISA baseou-se nos resultados do ensaio clínico de fase III DUO-E, que demonstrou a eficácia e segurança da adição de durvalumabe à quimioterapia de primeira linha (carboplatina / paclitaxel). O estudo envolveu 718 pacientes com câncer de endométrio avançado ou recorrente que receberam quimioterapia padrão, com ou sem a adição de durvalumabe, podendo seguir para período de manutenção com durvalumabe, com ou sem o inibidor de poli(ADP-ribose) polimerase (PARP) olaparibe. Os resultados do estudo revelaram uma redução significativa no risco de progressão da doença ou morte com o uso de durvalumabe. Mais especificamente, houve uma redução média de 29% no risco de progressão da doença ou morte no braço de durvalumabe, em comparação com o controle. 

As análises detalhadas do estudo DUO-E mostraram que após os primeiros 6 meses de tratamento há uma vantagem significativa do uso de durvalumabe em aumentar a sobrevida livre de progressão, evidenciado pela separação das curvas na análise de Kaplan-Meier. Os resultados também revelaram benefícios em diferentes subgrupos de pacientes com base nas deficiências nas enzimas de reparo do DNA, incluindo aqueles com reparo de mismatch deficiente (dMMR) e proficiente (pMMR), e no status de expressão de PD-L1. Por exemplo, a redução do risco de progressão de doença no subgrupo dMMR foi de 58% e no subgrupo pMMR de 23%, ambos para o braço de durvalumabe versus controle. O subgrupo de pacientes com status de PD-L1 positivo também se beneficiou do uso do durvalumabe, com redução de risco de progressão significativa de 37%. Importante notar que, apesar de ainda serem preliminares, os dados de sobrevivência geral já indicam benefícios adicionais do durvalumabe, com uma análise interina mostrando um HR de 0,77. 

Quanto à segurança, os eventos adversos graves foram semelhantes entre os grupos de tratamento, embora a incidência de eventos imuno-mediados fosse maior no grupo que recebeu durvalumabe. A incidência de eventos adversos de grau 3 ou maiores foi de 54,9% para o tratamento com adição de durvalumabe vs 56,4% para o braço controle.   

Por fim, os resultados do estudo também apontam para benefícios adicionais em um futuro onde se considere a adição de olaparibe ao tratamento, especialmente em certos subgrupos de pacientes. Com a aprovação do durvalumabe pela ANVISA como uma nova opção terapêutica para pacientes com estágio avançado da doença, há uma nova esperança para os pacientes e uma perspectiva promissora na abordagem de tratamento de câncer de endométrio avançado. 

 

Referências: 

  1. Shannon N. Westin et al., Durvalumab Plus Carboplatin/Paclitaxel Followed by Maintenance Durvalumab With or Without Olaparib as First-Line Treatment for Advanced Endometrial Cancer: The Phase III DUO-E Trial. J Clin Oncol 42, 283-299(2024). DOI:10.1200/JCO.23.02132
  2. Pacientes com câncer de endométrio têm nova opção de tratamento aprovada no Brasil. Press Release, Astra Zeneca: BR-30365 – Abril de 2024 

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