Imunoterapia neoadjuvante com nivolumabe e ipilimumabe apresenta potencial tratamento para câncer colorretal dMMR
A deficiência de reparo de mismatch (dMMR) é encontrada em até 15% dos cânceres colorretais não metastáticos e atualmente esses tumores são tratados da mesma forma que os tumores com reparo de mismatch proficiente (pMMR). Enquanto os pacientes com câncer colorretal dMMR em estágio III recebem tratamento com cirurgia e quimioterapia adjuvante, a quimioterapia neoadjuvante tem mostrado benefícios em termos de controle da doença. No entanto, a eficácia da quimioterapia neoadjuvante está fortemente associada ao status MMR e a resposta patológica é observada em apenas 7% dos tumores dMMR. O bloqueio de pontos de controle imunológico, por outro lado, tem se mostrado altamente eficaz em cânceres colorretais metastáticos dMMR, e dados recentes sugerem o uso de imunoterapia neoadjuvante para tumores não metastáticos dMMR.
O estudo NICHE-2 é de fase 2, multicêntrico e de grupo único, que avalia a segurança e eficácia da imunoterapia neoadjuvante com nivolumabe e ipilimumabe em pacientes com câncer colorretal dMMR avançado localmente. Os pacientes elegíveis eram maiores de 18 anos com câncer adenocarcinoma dMMR em estágio clínico II ou III, sem metástases à distância. A segurança primária foi a cirurgia oportuna, com uma amostra planejada de 30 pacientes, enquanto a eficácia primária foi a sobrevida livre de doença em 3 anos. O estudo incluiu 115 pacientes tratados com dois ciclos de nivolumabe e um ciclo de ipilimumabe, seguido por cirurgia.
A segurança primária foi atingida com 98% dos pacientes realizando a cirurgia no prazo, com apenas 2% apresentando eventos adversos relacionados ao tratamento que causaram atraso na cirurgia. Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram geralmente de grau 1 ou 2. A resposta patológica foi observada em 98% dos pacientes, com 68% apresentando uma resposta patológica completa. A resposta patológica completa foi mais frequente em pacientes com síndrome de Lynch em comparação com aqueles sem a síndrome. Com um acompanhamento mediano de 26,2 meses, nenhuma recidiva da doença foi observada. A carga mutacional tumoral não se associou de forma significativa com a resposta patológica completa.
Os resultados do estudo NICHE-2 demonstraram que o tratamento com imunoterapia neoadjuvante mostrou-se seguro e eficaz para pacientes com câncer colorretal dMMR avançado localmente. A alta taxa de resposta patológica, incluindo respostas completas, sugere que a imunoterapia neoadjuvante pode ser uma alternativa promissora à quimioterapia adjuvante, com potencial para melhorar significativamente o tratamento de pacientes com tumores dMMR.
Referências:
CHALABI, M.D., et al.; Neoadjuvant Immunotherapy in Locally Advanced Mismatch Repair–Deficient Colon Cancer. The New England Journal of Medicine. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2400634
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