Imunoterapia para câncer de mama triplo negativo inicial - KEYNOTE 522 - Oncologia Brasil

Imunoterapia para câncer de mama triplo negativo inicial – KEYNOTE 522

Imunoterapia para tratamento de câncer de mama inicial ou avançado
2 min. de leitura

O Dr. Gustavo Werutsky, oncologista do hospital São Lucas da PUC-RS e chair do LACOG de Porto Alegre, em sua participação no ESMO Congress 2019, tratou do Estudo KEYNOTE 522, o primeiro estudo de fase III utilizando imunoterapia para tratamento de câncer de mama inicial ou localmente avançado.

O estudo KEYNOTE-522 avaliou a adição de imunoterapia ao tratamento neoadjuvante padrão, com ciclofosfamida, antraciclina, carboplatina e taxano. As 1174 pacientes recrutadas foram randomizadas em razão 2:1 para receber pembrolizumabe (PEMBRO) 200 mg a cada 3 semanas ou placebo, juntamente com 4 ciclos de carboplatina e paclitaxel e 4 ciclos de antraciclina e ciclofosfamida. Após a cirurgia, as pacientes continuavam com PEMBRO ou placebo por mais 9 ciclos.

Em relação aos desfechos primários de RPC (ypT0/Tis ypN0) e sobrevida livre de eventos (SLE), observou-se um aumento significativo em RPC com a adição de PEMBRO, com taxas de 64,8% (IC 95% 59,9-69,5) vs. 51,2% (IC 95% 44,1-58,3), com p=0,00055, bem como uma tendência a aumento de SLE (HR 0,63; IC 95% 0,43-0,93), também favorecendo o braço da imunoterapia.

O benefício de PEMBRO foi consistente também quando consideradas as definições secundárias de RPC: ypT0 ypN0 (59,9% vs. 45,3%) e ypT0/Tis (68,6% vs 53,7%). Em uma análise de subgrupos, o benefício foi visto independentemente do status de programmed death ligand 1 (PD-L1), com pacientes com tumores PD-L1 positivos apresentando taxas de RPC de 68,9% vs. 54,9%, enquanto aqueles com tumores PD-L1 negativos apresentavam taxas de 45,3% vs. 30,3%, ambos favorecendo o braço de pembrolizumabe.

A frequência de eventos adversos graus 3 ou superior foi de 78% no braço de PEMBRO contra 73% do braço de placebo, com incidência de morte associada ao tratamento de 0,4% vs. 0,3%, respectivamente.

“O estudo demonstrou que a combinação de pembrolizumabe à quimioterapia em doença triplo-negativa aumenta a resposta patológica completa e tem uma tendência positiva muito importante para a sobrevida livre de eventos. Isso pode se tornar, nos próximos meses e anos, um novo tratamento para a doença triplo negativa inicial ou localmente avançada”, afirmou o Dr. Werutsky.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site e nas nossas redes sociais.