A associação de terapia hormonal na menopausa e câncer de mama ainda permanece incerta com achados discordantes entre estudos observacionais prospectivos em contraste com ensaios clínicos randomizados.
Dois ensaios clínicos originados pela Women’s Health Initiative foram apresentados na San Antonio Breast Cancer Symposium 2019 cujos resultados favorecem ainda mais a controvérsia da literatura médica sobre esse tema. Abrangendo 27347 mulheres pós menopausadas, os estudos demonstraram que estrogênios conjugados equinos (CEE) associado a acetato medroxiprogresterona (MPA) elevou significativamente incidência de câncer de mama com eventos adversos persistindo por mais de uma década após descontinuação. Ainda em contraste com décadas de observação, CEE apenas reduziu câncer de mama e significativamente reduziu mortes por câncer de mama com estes efeitos favoráveis persistindo por mais de uma década mesmo após sua descontinuação.
Chlebowski e colegas recrutaram pacientes pós-menopausadas com idade de 50 a 79 anos, sem histórico de câncer de mama, em 40 centros estadunidenses de 1993 a 1998 e acompanhou até setembro de 2016. Mulheres pós-menopausadas com útero intacto recebeu CEE + MPA (8506) ou placebo (8102) por uma mediana de 5,6 anos. No outro estudo, mulheres pós-menopausadas submetidas a histerectomia receberam somente CEE (5310) ou placebo (5429) por uma mediana de 7,2 anos.
Após 16,1 anos de seguimento, aquelas mulheres que receberam somente CEE tinham 23% menos probabilidade de receberem diagnóstico de câncer de mama e 44% menos chance de falecerem pela doença quando comparado com mulheres que tinham recebido placebo. Por outro lado após 18,3 anos de seguimento, aquelas mulheres que receberam CEE + MPA tinham 29% mais probabilidade de receberem diagnóstico de câncer de mama quando comparado com mulheres que tinham recebido placebo. O grupo CEE + MPA teve associação com maior risco de falecerem pelo câncer mama na análise estendida, porém não atingiu a significância estatística.
Algumas limitações que cabem ser discutidas são que as análises de mortalidade por câncer de mama não foram especificadas por protocolo e também que os resultados destes ensaios foram obtidos por meio de uma dose e esquema específico de CEE + MPA ou CEE, respectivamente, não sendo, portanto, extrapoladas para outras posologias.
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