Inibidor de PI3K neoadjuvante não aumenta resposta patológica completa em câncer de mama luminal - Oncologia Brasil

Inibidor de PI3K neoadjuvante não aumenta resposta patológica completa em câncer de mama luminal

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A hormonioterapia com tamoxifeno ou inibidores de aromatase (IA) é um dos pilares do tratamento sistêmico de pacientes com câncer de mama (CM) de perfil luminal. O uso de hormonioterapia na neoadjuvância tem sido uma opção possível para mulheres com contraindicação a quimioterapia e doenças menos agressivas, além de ser uma estratégia que permite avaliar a biologia da doença e identificar possíveis biomarcadores de resposta ao tratamento.

No entanto, nem todos os tumores positivos para receptores hormonais (RH+) respondem satisfatoriamente a essas medicações. Valendo-se do conhecimento de que a hiperativação da via de sinalização celular PI3K–AKT–mTOR pode ser um dos mecanismos de resistência primária ou secundária à hormonioterapia, o estudo de fase II LORELEI, publicado no Lancet Oncology, avaliou a atividade de uma combinação de IA a inibidor de PI3K, para pacientes com CM RH+, no cenário neoadjuvante.

Os pesquisadores analisaram 334 pacientes na pós-menopausa com tumores estádios I-III, operáveis, RH+, HER2 negativo, as quais foram randomizadas para tratamento diário com letrozol associado a taselisibe, um inibidor específico da isoforma PI3K-β, ou a placebo, em esquema de uso contínuo por 5 dias e interrupção por 2 dias, por 16 semanas. As pacientes eram submetidas, em seguida, a cirurgia com intuito curativo e material tumoral de biópsias prévias era utilizado para genotipagem de PIK3CA. Os desfechos coprimários foram as taxas de resposta objetiva por imagem e de resposta patológica completa (RPC) na população geral do estudo e nas pacientes com mutação em PIK3CA (PIK3CAmut).

Os resultados evidenciaram um aumento significativo da resposta objetiva por imagem no grupo de taselisibe, com taxas de 50% vs. 39% (odds ratio [OR] 1,55; IC 95% 1,00-2,38; p = 0,049) na população geral e de 56% vs. 38% (OR 2,03; IC 95% 1,06-3,88; p = 0,033) no grupo de pacientes PIK3CAmut. Porém, não houve diferença significativa em RPC entre os braços na população geral (2% vs. 1%) nem no subgrupo PIK3CAmut (1% vs. 0%). Os eventos adversos mais comuns com taselisibe foram sintomas gastrointestinais, infecções e alterações cutâneas.

Apesar da aparente atividade dessa combinação para esse perfil de pacientes, o que corrobora os dados prévios vistos no cenário de CM RH+ metastático, não parece haver, até o momento, indicação de benefício do inibidor de PI3K na neoadjuvância. Leia aqui o artigo original.