O uso do pembrolizumabe prolongou a sobrevida livre de progressão, independente do status do mismatch repair
O câncer de endométrio compreende uma malignidade que tem apresentado aumento de incidência ao redor do mundo, de modo que 10-15% das mulheres com essa malignidade recebem o diagnóstico em estadiamento avançado, quando a sobrevida em 5 anos de pacientes com metástase à distância é de aproximadamente 17%. O tratamento dessas pacientes depende muito do subtipo e do estadiamento, podendo variar desde cirurgia, radioterapia, quimioterapia e recentemente, novas abordagens incluindo a imunoterapia. No cenário de doenças avançadas, a primeira linha de tratamento é baseada na quimioterapia a base de paclitaxel/carboplatina.
Tendo em vista que o câncer de endométrio pode ter como característica a presença de alta instabilidade de microssatélites ou deficiência no mismatch repair (MSI-H/dMMR), entre 16-31%, a utilização de pembrolizumabe demonstrou atividade antitumoral duradoura nesse tipo tumoral em pacientes previamente tratados como publicado no estudo KEYNOTE-158. Diante dos possíveis benefícios do uso de pembrolizumabe, estudo recentemente publicado por Ramez N. Eskander e demais investigadores no The New England Journal of Medicine (2023) avalia eficácia e segurança da adição de pembrolizumabe ao standard first-line, paclitaxel/carboplatina.
O estudo incluiu 816 pacientes com câncer de endométrio mensurável (estadiamento III ou IVA), estadiamento IVB ou recorrente. Após randomização 1:1, os grupos receberam pembrolizumabe ou placebo associados à quimioterapia. Para pembrolizumabe ou placebo, foram previstos 6 ciclos a cada 3 semanas, seguido de manutenção por até 14 ciclos a cada 6 semanas. Os pacientes foram, ainda, estratificados em duas coortes conforme deficiência ou proficiência do mismatch repair (pMMR).
Tendo como desfecho primário a sobrevida livre de progressão (PFS), nas análises de 12 meses, a estimativa do Kaplan–Meier para PFS na coorte dMMR foi de 74% no grupo tratado com pembrolizumabe versus 38% no grupo placebo (hazard ratio para progressão ou morte = 0,30; 95%CI: 0,19-0,48; p<0,001). Já a coorte pMMR apresentou mediana de PFS de 13,1 meses com pembrolizumabe versus 8,7 meses com placebo (hazard ratio = 0,54; 95% CI: 0,41-0,71; p<0,001). As toxicidades ocorreram dentro do esperado para os regimes terapêuticos propostos.
Os resultados iniciais do estudo apontam que a inserção de pembrolizumabe ao tratamento padrão em primeira linha é capaz de prolongar a sobrevida livre de progressão da coorte comparativamente à administração de quimioterapia isolada.
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