Neste vídeo, Dra. Angélica Nogueira, Oncologista Clínica, Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Idealizadora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, comenta os dados do estudo KEYNOTE-A18 apresentados durante o Congresso da European Society for Medical Oncology – ESMO ® 2023. A administração de pembrolizumabe + quimiorradioterapia demonstrou ganho significativo em sobrevida livre de progressão e tendência, mesmo com dados imaturos, de ganho de sobrevida global, fortalecendo a aplicabilidade desse esquema terapêutico. Confira o conteúdo na íntegra!
O câncer cervical, mesmo com a redução de incidência devido, sobretudo, ao screening precoce, continua sendo um tipo tumoral de alta morbidade. Dentre a heterogeneidade da doença, os tumores localmente avançados de alto risco possuem um prognóstico ruim, com 50% das pacientes apresentando recorrência em 2 anos. Para esse tipo tumoral o tratamento padrão é a radioterapia de feixe externo associado à quimioterapia concomitante, seguido de braquiterapia.
Diante evidências de que a associação de anti-PD-1 e quimioterapia apresenta ação antitumoral em câncer cervical metastático em primeira linha de tratamento no cenário recorrente, persistente ou metastático, o estudo ENGOT-cx11/GOG 3047/KEYNOTE-A18 avalia a eficácia e segurança de pembrolizumabe (Pembro) + quimiorradioterapia (CCRT) em pacientes com câncer cervical localmente avançado, recém diagnosticado e virgens de tratamento. O estudo incluiu 1060 pacientes randomizadas em Pembro + CCRT (n=529) e Placebo + CCR (n=531) e com mediana de 17,9 meses (0,9-31) o estudo apresentou, na ESMO Congress 2023, seus resultados de análise interina.
Com relação à sobrevida livre de progressão (SLP), o braço tratado com pembrolizumabe apresentou aumento estatisticamente significativo comparado ao grupo placebo, onde mesmo com a mediana de SLP não tendo sido atingida, demonstrou que as pacientes tratadas com pembrolizumabe apresentaram diminuição de risco de progressão de doença de 30% (HR=0,70; 95% CI: 0,55-0,89; p=0,0020). A taxa de SLP em 24 meses foi de 67,8% vs. 57,3%, sendo os resultados de sobrevida livre de progressão consistentes entre os subgrupos pré-especificados.
Mesmo que imaturos, os resultados de sobrevida global apontam para uma tendência favorável ao ganho de sobrevida no braço de pembrolizumabe (HR=0,73; 95% CI: 0,49-1,07). Por fim, do ponto de vista de segurança, toxicidades associadas ao tratamento, G3 ou superiores, ocorreram em 67% do braço pembro e em 60% do grupo placebo.
Os resultados apontam para um benefício clínico e estatisticamente significativo, com tendência a ganho em sobrevida global (dados imaturos), em pacientes com câncer de colo do útero localmente avançado e que não receberam nenhum tipo de tratamento para a doença, podendo, após aprovação regulatória, tornar-se o novo padrão de tratamento em pacientes de alto risco.
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