Manejo do tromboembolismo venoso no paciente oncológico - Oncologia Brasil

Manejo do tromboembolismo venoso no paciente oncológico

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No webinar da campanha Reframing Oncology, Dr. Evanius Wiermann e Dr. Ivan Casella falaram sobre o TEV durante tratamento para câncer

Recentemente, o Dr. Evanius Wiermann, oncologista clínico do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), e o Dr. Ivan Casella, livre-docente da disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo (FMUSP), conversaram sobre o manejo do tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes oncológicos, durante o webinar da campanha Reframing Oncology.

Dr. Evanius Wiermann abriu a aula apresentando dados que mostraram o risco elevado de portadores de câncer desenvolverem problemas tromboembólicos ao longo do tratamento. As pesquisas indicam que o perigo é maior quando a doença é metastática e nos primeiros meses de terapia.

O especialista explicou que certos medicamentos antineoplásicos também aumentam a probabilidade, como tamoxifeno, imunomoduladores, cisplatina, L-asparaginase, 5-fluoracil, bevacizumabe, gemtuzumab ozogamicina e eritropoetina recombinante.

“A Covid-19 tem um papel negativo e deletério na mortalidade dos pacientes. Ela aumenta a morbimortalidade e uma das principais causas está associada a eventos tromboembólicos. Agora temos uma revisão sistemática analítica mostrando essa informação”, contou o oncologista.

Segundo Dr. Wiermann, antes de iniciar a terapia, os oncologistas precisam checar os fatores de risco de desenvolvimento do tromboembolismo e se há risco de interação droga-droga ou sangramento, para, a partir daí, escolher o DOAC ou anticoagulantes de baixo peso.

O Dr. Ivan Casella realizou uma apresentação mais focada nos anticoagulantes utilizados nessas situações, trazendo um caso clínico para exemplificar. Ele iniciou comentando que não apenas o risco de TEV é maior em pessoas com câncer, mas também o de recidiva da doença cardiovascular e de sangramentos.

Os medicamentos-padrão para tratar trombose são dabigatrana, edoxabana, rivaroxabana e apixabana. Porém, em indivíduos com tumor, a primeira droga é substituída por dalteparina e enoxaparina.

O cirurgião vascular listou as vantagens das heparinas na terapia dos portadores de câncer: efeitos anti-inflamatório e antitrombótico expressivos e redução de sangramentos.

“Existe uma percepção errônea de que quando o paciente está tomando heparina, ele precisa ficar internado, o que não é verdade. Existem drogas que basta aplicar uma injeção subcutânea ao dia. Então é perfeitamente possível você mandá-lo para casa tomando heparina por um tempo e depois fazer a transição para medicações orais”, relata o professor.

Casella citou um estudo amplo publicado em 2003 que comparou o uso de edoxabana com dalteparina. Os dois tiveram praticamente o mesmo desempenho positivo na anticoagulação, mas os sangramentos mais críticos foram encontrados no braço da dalteparina. A pesquisa também verificou a utilização de edoxabana e varfarina contra a embolia pulmonar e concluiu que a primeira foi 50% mais eficaz.

O médico finalizou com as diretrizes da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH). Elas orientam que a edoxabana e a rivaroxabana sejam usadas em pacientes oncológicos com TEV agudo e baixo risco de sangramento e interação medicamentosa, enquanto os anticoagulantes de baixo peso se saem melhor naqueles com alto risco de sangramento, principalmente quando o tumor é do trato gastrintestinal ou geniturinário e se o indivíduo possui anormalidades ativas na mucosa gastrintestinal.