Nivolumabe Perioperatório em CPNPC Ressecável - Oncologia Brasil

Nivolumabe Perioperatório em CPNPC Ressecável

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O estudo CheckMate 77T avaliou a eficácia e segurança da combinação de nivolumabe com quimioterapia neoadjuvante, seguida por nivolumabe adjuvante, comparado ao placebo com quimioterapia neoadjuvante em pacientes com CPNPC ressecável. O principal resultado foi que a combinação de nivolumabe e quimioterapia proporcionou uma sobrevida livre de eventos significativamente mais longa e uma maior taxa de resposta patológica completa, com um perfil de segurança semelhante ao de tratamentos anteriores. Este impacto pode melhorar significativamente os desfechos clínicos para pacientes com NSCLC em estágios avançados

O Câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) é a forma mais comum de câncer de pulmão, frequentemente diagnosticado em estágios avançados e associado a um alto índice de mortalidade. A abordagem perioperatória, que combina tratamento neoadjuvante com quimioterapia e imunoterapia, seguida por cirurgia e terapia adjuvante, tem mostrado potencial para melhorar os resultados clínicos e reduzir a taxa de recidiva. O estudo CheckMate 77T é um ensaio clínico fase 3, randomizado e duplo-cego, que avaliou a eficácia e segurança da combinação de nivolumabe, um anticorpo anti-PD-1, com quimioterapia neoadjuvante, seguido por nivolumabe adjuvante, em comparação com placebo. Resultados de análises interinas mostram melhorias significativas na sobrevida livre de eventos e resposta patológica completa com a combinação de nivolumabe e quimioterapia, corroborando a eficácia dessa abordagem em pacientes com CPNPC ressecável.

No presente estudo, foram recrutados 452 pacientes adultos com CPNPC ressecável em estágios IIA (>4 cm) a IIIB (estágio N2, com uma ou múltiplas estações). Os critérios de inclusão incluíam status de performance 0 ou 1 na Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG), ausência de mutações EGFR ou translocações ALK, e ausência de tratamento sistêmico oncológico anterior. Excluíram-se pacientes com tratamento prévio para câncer ou com mutações específicas. Os pacientes foram randomizados em uma proporção 1:1 para receber nivolumabe (360 mg) mais quimioterapia de duplo esquema ou placebo mais quimioterapia a cada 3 semanas por 4 ciclos, seguidos de cirurgia. Após

a cirurgia, foi administrado nivolumabe (480 mg) ou placebo a cada 4 semanas por 1 ano. O principal desfecho foi a sobrevida livre de eventos, com avaliações adicionais de resposta patológica completa e resposta patológica maior. A análise interina do estudo revelou que a combinação de nivolumabe e quimioterapia neoadjuvante foi associada a melhorias significativas em comparação com a quimioterapia isolada.

Entre novembro de 2019 e abril de 2022, 735 pacientes foram recrutados para o estudo, dos quais 461 foram randomizados (229 para o grupo nivolumabe e 232 para o grupo de quimioterapia). A exposição ao tratamento neoadjuvante foi alta, com 99,6% dos pacientes no grupo nivolumabe e 99,1% no grupo de quimioterapia recebendo tratamento. A cirurgia definitiva foi realizada em 77,7% dos pacientes no grupo nivolumabe e 76,7% no grupo de quimioterapia. O tratamento adjuvante foi administrado a 62,0% dos pacientes no grupo nivolumabe e 65,5% no grupo de quimioterapia, com 37,1% e 39,7% dos pacientes, respectivamente, completando um ano de tratamento. A taxa de sobrevida livre de eventos em 18 meses foi de 70,2% no grupo nivolumabe e 50,0% no grupo de quimioterapia (razão de risco, 0,58; IC 97,36%, 0,42 a 0,81; p<0,001).

Em relação às respostas patológicas, 25,3% dos pacientes no grupo nivolumabe alcançaram resposta patológica completa, em comparação com 4,7% no grupo de quimioterapia (diferença de 20,5 pontos percentuais; razão de chances, 6,64; IC 95%, 3,40 a 12,97). A resposta patológica maior foi observada em 35,4% dos pacientes no grupo nivolumabe e em 12,1% no grupo de quimioterapia (diferença de 23,2 pontos percentuais; razão de chances, 4,01; IC 95%, 2,48 a 6,49). Eventos adversos foram relatados em 97,4% dos pacientes no grupo nivolumabe e 97,8% no grupo de quimioterapia, com eventos adversos graves ocorrendo em 32,5% e 25,2%, respectivamente. O tratamento foi interrompido em 19,3% dos pacientes no grupo nivolumabe e 7,4% no grupo de quimioterapia devido a eventos adversos relacionados ao tratamento. A mortalidade atribuída ao tratamento foi de 2 pacientes no grupo nivolumabe devido a pneumonite, sem mortes relacionadas ao tratamento no grupo de quimioterapia.

No estudo CheckMate 77T, a adição de nivolumabe perioperatório à quimioterapia neoadjuvante resultou em uma sobrevida livre de eventos significativamente mais longa comparada ao placebo perioperatório adicionado à quimioterapia neoadjuvante em pacientes com CPNPC ressecável (razão de risco, 0,58; p<0,001). Observou-se também uma maior porcentagem de pacientes no grupo nivolumabe com resposta patológica completa (25,3% vs. 4,7%) e resposta patológica maior (35,4% vs. 12,1%). O uso perioperatório de nivolumabe resultou em menor risco de deterioração definitiva dos sintomas relacionados à doença. O perfil de segurança do nivolumabe não revelou novos sinais de segurança e os desfechos cirúrgicos foram semelhantes entre os grupos de tratamento.

As principais conclusões do estudo indicam que a combinação de nivolumabe com quimioterapia neoadjuvante, seguida de cirurgia e nivolumabe adjuvante, proporcionou uma sobrevida livre de eventos significativamente mais longa do que a combinação de placebo com quimioterapia neoadjuvante, cirurgia e placebo adjuvante em pacientes com CPNPC ressecável em estágio IIA a IIIB. Além disso, uma maior proporção de pacientes no grupo nivolumabe apresentou resposta patológica em comparação com o grupo quimioterapia. Os resultados também mostraram que os sintomas relacionados à doença foram melhor gerenciados com nivolumabe perioperatório, e o perfil de segurança foi consistente com os estudos anteriores.

 

Referências:

Cascone T, Awad MM, Spicer JD, He J, Lu S, Sepesi B, Tanaka F, Taube JM, Cornelissen R, Havel L, Karaseva N, Kuzdzal J, Petruzelka LB, Wu L, Pujol JL, Ito H, Ciuleanu TE, de Oliveira Muniz Koch L, Janssens A, Alexandru A, Bohnet S, Moiseyenko FV, Gao Y, Watanabe Y, Coronado Erdmann C, Sathyanarayana P, Meadows-Shropshire S, Blum SI, Provencio Pulla M; CheckMate 77T Investigators. PMID: 38749033.