Nova estratégia terapêutica com Pembrolizumabe e Olaparibe mostra benefícios na primeira linha do câncer de ovário avançado sem mutação BRCA - Oncologia Brasil

Nova estratégia terapêutica com Pembrolizumabe e Olaparibe mostra benefícios na primeira linha do câncer de ovário avançado sem mutação BRCA

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Estudo ENGOT-OV43/GOG-3036/KEYLYNK-001 revela melhora na sobrevida livre de progressão com pembrolizumabe e olaparibe 

 

A busca por novas abordagens terapêuticas para o câncer de ovário avançado sem mutação no gene BRCA1/2 continua sendo um desafio significativo. O inibidor de PARP olaparibe já é aprovado para mulheres com câncer de ovário recorrente sensível à platina, independentemente do status de BRCA, e para aquelas com doença recém-diagnosticada e mutação em BRCA. A combinação do anticorpo anti-PD-1 com o inibidor de PARP já apresentou eficácia, em outro estudo, em casos de câncer de ovário resistente à platina, independentemente do status de BRCA¹. O estudo de fase 3 ENGOT-OV43/GOG-3036/KEYLYNK-001 (NCT03740165)², apresentado no 2025 SGO Annual Meeting on Women’s Cancer, avaliou a combinação de pembrolizumabe e quimioterapia seguida de manutenção com olaparibe como tratamento de primeira linha para pacientes com carcinoma epitelial de ovário avançado sem mutação BRCA. 

No estudo, pacientes recém-diagnosticadas com carcinoma epitelial de ovário, peritoneal primário ou de tuba uterina estágio III ou IV, sem mutação em BRCA1/2, foram randomizadas de forma duplo-cega (1:1:1) em três grupos: pembrolizumabe associado à quimioterapia (paclitaxel e carboplatina) seguido de manutenção com pembrolizumabe e olaparibe; pembrolizumabe e quimioterapia seguido de manutenção apenas com pembrolizumabe; ou quimioterapia com placebo seguida de manutenção com placebo. Bevacizumabe foi permitido durante a quimioterapia e a fase de manutenção. As pacientes receberam pembrolizumabe 200 mg a cada três semanas por até 35 ciclos, quimioterapia por cinco ciclos e olaparibe 300 mg duas vezes ao dia por até dois anos. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (PFS) avaliada pelo investigador conforme RECIST v1.1, enquanto a sobrevida global (OS) foi um desfecho secundário chave. 

O estudo incluiu 1367 pacientes distribuídas nos três grupos: pembrolizumabe–olaparibe (N=455), pembrolizumabe isolado (N=458) e grupo controle (N=454). Na primeira análise interina (mediana de seguimento de 25,9 meses), a combinação pembrolizumabe–olaparibe demonstrou uma melhora significativa na PFS em comparação com o grupo controle, tanto na população geral quanto naqueles com CPS ≥10. Na análise final (mediana de seguimento de 39,8 meses), o benefício em PFS com pembrolizumabe–olaparibe foi mantido. No entanto, o limiar de significância para pembrolizumabe isolado versus controle na população CPS ≥10 não foi atingido, impossibilitando a realização de testes formais de PFS na população geral e de SG. 

Com relação à segurança, eventos adversos relacionados ao tratamento de grau ≥3 ocorreram em 65,7% das pacientes no grupo pembrolizumabe–olaparibe, 55,9% no grupo pembrolizumabe e 51,1% no grupo controle. Os eventos relatados foram compatíveis com os perfis de segurança já conhecidos para cada agente. 

Os resultados do estudo ENGOT-OV43/GOG-3036/KEYLYNK-001 reforçam o potencial benefício da combinação de pembrolizumabe com quimioterapia seguida de manutenção com olaparibe na primeira linha de tratamento do câncer de ovário avançado sem mutação em BRCA. A melhora significativa na sobrevida livre de progressão sugere que essa estratégia pode representar um avanço clínico relevante para essa população de pacientes, com um perfil de segurança dentro do esperado para os fármacos utilizados. 

 

Referências: 

1 – Shaveta, Vinayak et al. TOPACIO/Keynote-162: Niraparib + pembrolizumab in patients (pts) with metastatic triple-negative breast cancer (TNBC), a phase 2 trial. JCO. 36, 1011-1011 (2018). DOI:10.1200/JCO.2018.36.15_suppl.1011  

2- Vergote, Ignace et al. Chemotherapy With Or Without Pembrolizumab Followed By Maintenance With Olaparib Or Placebo For First-Line Treatment Of Advanced BRCA Non-Mutated Epithelial Ovarian Cancer: Results From The Randomized Phase 3 ENGOT-OV43/GOG-3036/KEYLYNK-001 Study. International Journal of Gynecological Cancer. Volume 35, Issue 2, 101704. 

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