Novas abordagens no tratamento do Mieloma Múltiplo recidivado/refratário: Atualização dos Estudos DREAMM-7 e DREAMM-8 no EHA® 2024 - Oncologia Brasil

Novas abordagens no tratamento do Mieloma Múltiplo recidivado/refratário: Atualização dos Estudos DREAMM-7 e DREAMM-8 no EHA® 2024

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No presente resumo são apresentados resultados dos estudos DREAMM-7 e DREAMM-8. Os resultados indicam que as combinações de belantamabe mafodotina (belamaf, bortezomibe e dexametasona – BVd) e (belamaf, pomalidomida e dexametasona – BPd) oferecem melhorias estatisticamente significativas no seu desfecho primário de sobrevida livre de progressão em comparação com as combinações padrão, tornando-se potenciais novos padrões de tratamento para pacientes com mieloma múltiplo recidivado/refratário. Essas combinações também apresentaram perfis de segurança manejáveis, e a tolerabilidade das novas combinações foram consistentes com o perfil já conhecido dos agentes individuais 

 

Os estudos DREAMM-7 e DREAMM-8 são ensaios clínicos de fase 3 que avaliam a eficácia e segurança de combinações terapêuticas envolvendo belantamabe mafodotina (belamaf) em pacientes com mieloma múltiplo recidivado/refratário (RRMM) que receberam pelo menos uma linha de tratamento prévio. Ambos os estudos compararam belamaf combinado com outras terapias padrão, mostrando melhorias significativas em termos de sobrevida livre de progressão (PFS) e outros desfechos clínicos. No estudo DREAMM-7, a combinação de belamaf com bortezomibe e dexametasona (BVd) foi comparada a daratumumabe, bortezomibe e dexametasona (DVd). Já o estudo DREAMM-8 avaliou belamaf combinado com pomalidomida e dexametasona (BPd) vs. pomalidomida, bortezomibe e dexametasona (PVd). Ambos os estudos visaram oferecer novas alternativas terapêuticas para pacientes com RRMM após primeira recidiva. 

Os dois estudos tinham como objetivo primário a PFS, além de objetivos secundários como sobrevida global (OS), taxa de resposta global (ORR), duração da resposta (DOR) e segurança das combinações terapêuticas comparadas às combinações padrão. Os resultados do estudo DREAMM-7 mostraram que a combinação BVd apresentou uma PFS mediana de 36,6 meses, em comparação com 13,4 meses para DVd (razão de risco: 0,41; p<0,00001) num seguimento médio de 28,2 meses, com uma redução no risco de progressão e morte de 59%. Nesta primeira análise interina a OS ainda não foi alcançada em ambos os braços, e uma forte tendência de melhora foi observada nos pacientes tratados com a combinação BVd comparado a terapia padrão, com uma redução de 43% no risco de morte (HR de 0,57; p=0,00049). A ORR foi de 82,7% para BVd e 71,3% para DVd e a DOR foi de 35,6 meses para BVd vs. 17,8 meses para DVd.  

No estudo DREAMM-8, com um segmento de 21,8 meses, a mediana de PFS ainda não foi alcançada no grupo BPd, enquanto no grupo PVd foi de 12,7 meses (razão de risco: 0,52; p<0,001). Houve uma tendência positiva na OS e em 12 meses 83% dos pacientes estavam vivos no grupo BPd comparados a 76% do grupo PVd (razão de risco: 0,77). A ORR foi maior para BPd vs. PVd (de 77% vs 72%) com melhoria na taxa de doença residual mínima (MRD) negativa de quase cinco vezes para BPd. A DOR ainda não foi alcançada no grupo BPd, enquanto no grupo PVd foi de 17,5 meses.  

Nos dois estudos, o benefício das combinações com belamaf foi observado em todos os subgrupos pré-especificados, incluindo aqueles refratários à lenalidomida e aqueles com citogenética de alto risco. Nenhum sinal novo de toxicidade foi observado e o perfil de segurança e a tolerabilidade das novas combinações foram consistentes com o perfil já conhecido dos agentes individuais. Eventos adversos oculares foram mais prevalentes nos braços combinados a belamaf, mas esses eventos foram geralmente manejáveis e reversíveis em mais de 90% dos casos com modificação e/ou atraso de dose, levando à baixas taxas de descontinuação. 

Em conclusão, o DREAMM-7 demonstrou uma melhoria estatisticamente significativa na PFS e uma forte tendência de melhoria na sobrevida global com a combinação BVd, sugerindo que esta pode se tornar um novo padrão de tratamento para pacientes com RRMM. O estudo DREAMM-8 mostrou um benefício estatisticamente e clinicamente significativo em PFS com a combinação BPd, além de respostas mais profundas e duradouras, sugerindo que BPd pode redefinir o tratamento de RRMM após a primeira recaída. 

 

Referências: 

  1. Maria-Victoria Mateos, Pawel Rooak, Marek Hus et al. Results from DREAMM-7 a randomized phase 3 study of belantamab mafodotin + Bortezomib, and dexamethasone vs daratumumab + bortezomib, and dexamethasone In pelapsed/refractory multiple myeloma. HemaSphere, 2024;8 (EHA 2024).
  2. Suzanne Trudel , Meral Beksac , Luděk Pour et al. Results from the randomized phase 3 DREAMM-8 study of belantamab mafodotin plus pomalidomide and dexamethasone (BPd) vs pomalidomide plus bortezomib and dexamethasone (PVd) in relapsed/refractory multiple myeloma (RRMM). J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 17). https://doi.org/10.1200/JCO.2024.42.17_suppl.LBA105.
  3. Hungria V, Robak P, Hus M, Zherebtsova V, Ward C, Ho PJ, Ribas de Almeida AC, Hajek R, Kim K, Grosicki S, Sia H, Bryant A, Pitombeira de Lacerda M, Aparecida Martinez G, Sureda Balarí AM, Sandhu I, Cerchione C, Ganly P, Dimopoulos M, Fu C, Garg M, Abdallah AO, Oriol A, Gatt ME, Cavo M, Rifkin R, Fujisaki T, Mielnik M, Pirooz N, McKeown A, McNamara S, Zhou X, Nichols M, Lewis E, Rogers R, Baig H, Eccersley L, Roy-Ghanta S, Opalinska J, Mateos MV; DREAMM-7 Investigators. Belantamab Mafodotin, Bortezomib, and Dexamethasone for Multiple Myeloma. N Engl J Med. 2024 Jun 1. doi: 10.1056/NEJMoa2405090. Epub ahead of print. PMID: 38828933.
  4. Dimopoulos MA, Beksac M, Pour L, Delimpasi S, Vorobyev V, Quach H, Spicka I, Radocha J, Robak P, Kim K, Cavo M, Suzuki K, Morris K, Pompilus F, Phillips-Jones A, Zhou XL, Fulci G, Sule N, Kremer BE, Opalinska J, Mateos MV, Trudel S; DREAMM-8 Investigators. Belantamab Mafodotin, Pomalidomide, and Dexamethasone in Multiple Myeloma. N Engl J Med. 2024 Jun 2. doi: 10.1056/NEJMoa2403407. Epub ahead of print. PMID: 38828951.