A Dra Camila Yamada comenta sobre os resultados promissores de estudos clínicos com Glasdegibe e a combinação de Toripalimabe e Anlotinibe para glioblastoma recém-diagnosticado e recorrente
Dois estudos recentes apresentam avanços significativos no tratamento do glioblastoma (GB), um dos tipos de câncer cerebral mais agressivos e de difícil tratamento. O primeiro estudo, denominado GEINO, investigou o uso de Glasdegib (GLG), um inibidor da via Hedgehog, em combinação com o regime padrão de Stupp, que inclui radioterapia e temozolomida, para pacientes com GB recém-diagnosticado. Este ensaio de fase I/II teve como objetivo principal avaliar a taxa de sobrevida global em 15 meses (OS) e os resultados finais deste estudo fase Ib/II foram apresentados no congresso ESMO 2024, após um acompanhamento mais longo.
No total, 79 pacientes foram inscritos no estudo, e 74 receberam Glasdegib na dose recomendada de 75mg/dia. Os resultados mostraram que 52,1% dos pacientes estavam vivos após 15 meses, com uma sobrevida global mediana de 15,3 meses. Em dois anos, 29,2% dos pacientes ainda estavam vivos, sendo observado que aqueles com metilação de MGMT e ressecção completa tiveram menores riscos de morte. Embora o estudo não tenha superado o limiar de futilidade estabelecido, ele mostrou sinais promissores de eficácia, especialmente em certos subgrupos.
O segundo estudo se concentrou no tratamento de glioblastoma recorrente (rGBM), uma condição que apresenta grandes desafios devido à sua alta taxa de recidiva e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Este estudo fase II avaliou a combinação de Toripalimabe, um anticorpo monoclonal anti-PD-1, com Anlotinibe, um inibidor multi-alvo de receptores tirosina quinase que age bloqueando vias associadas ao crescimento tumoral, como VEGFR e PDGFR. A combinação visa modular o microambiente imunológico do tumor e aumentar a eficácia das terapias imunológicas, como o anti-PD-1, no contexto do glioblastoma recorrente.
Foram incluídos 54 pacientes no ensaio, com uma sobrevida global mediana de 4,96 meses e uma taxa de benefício clínico de 66%. Apesar de a sobrevida mediana ser relativamente curta, os resultados sugerem que a combinação terapêutica é uma abordagem promissora, especialmente considerando que a toxicidade relacionada ao tratamento foi aceitável e manejável. Além disso, os dados indicam que a combinação de imunoterapia e terapias antiangiogênicas pode ser eficaz em rGBM, uma área em que as opções terapêuticas são limitadas.
Esses dois estudos destacam a importância crescente de terapias-alvo e combinações inovadoras no tratamento do glioblastoma, tanto no cenário de diagnóstico recente quanto no tratamento de recidivas. A busca por biomarcadores específicos e por abordagens que modulam o microambiente tumoral é crucial para personalizar o tratamento e melhorar os resultados para os pacientes.
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