Novas perspectivas no tratamento do câncer de mama inicial BRCA positivo - Oncologia Brasil

Novas perspectivas no tratamento do câncer de mama inicial BRCA positivo

3 min. de leitura

No vídeo, os Drs. Carlos Barrios, Oncologista Clínico do Grupo Oncoclínicas de Porto Alegre, e Daniel GimenesOncologista Clínico do Grupo Oncoclínicas de São Paulo, analisam o impacto de dois novos estudos de inibidores de Parp no câncer de mama inicial  (neo/adj) na prática clínica. Assista e confira, a seguir, os detalhes do estudo OlympiA, que se destacou nesse contexto. 

 

Um dos grandes destaques do Congresso Mundial da ASCO 2021, foi o estudo de inibidor de parp em câncer de mama inicial: Estudo OlympiA, apresentado na abertura da plenária. OlympiA (NCT02032823 é um estudo randomizado, duplo-cego, de fase III, que comparou olaparibe versus placebo no cenário adjuvante, em pacientes com câncer de mama inicial HER2-negativo (receptor hormonal positivo [RH+] ou triplo negativo [TNBC]), com mutação germinativa patogênica ou provavelmente patogênica de BRCA1/2 (gBRCAm), que apresentavam fatores clínico-patológicos de alto risco e receberam tratamento local mais quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante.  

As pacientes foram designadas aleatoriamente na proporção 1:1 para receber um ano de olaparibe 300 mg, via oral, duas vezes ao dia ou placebo. As pacientes elegíveis com TNBC tinham doença ≥pT2 ou ≥pN1 antes do tratamento adjuvante ou não alcançaram resposta patológica completa (pCR) após a quimioterapia neoadjuvante. Já as pacientes com RH+ tinham ≥ 4 linfonodos positivos antes da quimioterapia adjuvante ou não alcançaram a pCR e pontuação CPS+EG ≥ 3 após a quimioterapia neoadjuvante. Terapia endócrina e bifosfonatos foram permitidos. O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) na população com intenção de tratar (ITT). Os desfechos secundários incluíram SLD à distância (SLDd), sobrevida gobal (SG) e segurança.  

Resultados: 

Ao todo, 1.836 pacientes foram inscritas, sendo que 49,9% receberam quimioterapia adjuvante e 50,1% neoadjuvante. O seguimento mediano do estudo foi de 2,5 anos.  

O estudo atingiu seu endpoint primário: houve benefício significativo de olaparibe versus placebo para SLDi (HR 0,58; IC 99,5% 0,41 – 0,82; P < 0,001). SLDi aos 3 anos foi de 85,9% versus 77,1% (IC 95% 4,5% – 13,0%). A SLDd foi significativamente melhor com olaparibe (HR 0,57; IC 99,5% 0,39 – 0,83; P < 0,0001), sendo que a taxa de SLDd aos 3 anos foi 87,5% versus 80,4% (IC 95% 3,0% – 11,1%).  

A SG foi maior para olaparibe em comparação ao placebo, mas não foi estatisticamente significativa na análise interina (HR 0,68; IC 99,0% 0,44 – 1,05; P = 0,024), com taxa de SG aos 3 anos de 92,0% versus 88,3% (IC 95% 0,3% – 7,1%).  Maior tempo de seguimento será necessário para confirmar tal desfecho. 

Os eventos adversos foram consistentes com os dados anteriores já conhecidos em relação ao uso de olaparibe. Eventos grau 3 foram anemia (8,7%), neutropenia (4,8%), leucopenia (3,0%), fadiga (1,8%) e linfocitopenia (1,2%).  

Os pesquisadores concluem que olaparibe adjuvante após quimioterapia adjuvante ou neoadjuvante melhorou significativamente a SLD (invasiva e à distância), com toxicidade aceitável em pacientes com câncer de mama inicial de alto risco HER2-negativo e gBRCAm[1]. Dessa forma, a testagem de BRCA germinativo em pacientes com esse perfil de tumor deve ser implementada na prática clínica. O estudo foi concomitantemente publicado no New England Journal of Medicine[2] 

No vídeo, entre outros tópicos, os especialistas destacam aspectos importantes do OlympiA 
 

“O estudo demonstrou também uma vantagem muito importante tanto de invasive disease-free survival (IDFs) quanto de distant disease-free survival (DDFs) favorável ao Olaparibe”, afirma Dr. Barrios. “Esse estudo realmente muda a prática cliente e levanta um desafio muito particular, que é identificar esses pacientes. Vamos ter que começar a fazer o teste, coisa que já deveríamos estar fazendo numa proporção maior”, completa.   

Ainda no vídeo, os Drs. Carlos Barrios e Daniel Gimenez comentam o estudo neoadjuvante com talazoparibe, um outro inibidor de PARP com resultados expressivos. 
“O mesmo grupo de pesquisadores apresentou uma breve amostra desse estudo com resultados impressionantes, com uma taxa de resposta completa patológica em torno de 50%, sem quimioterapia”, destaca Dr. Gimenes. 

Confira a opinião dos médicos no vídeo:   
 

 

Ouça também o podcast:


Referências:  

  1. Tutt A, et al.OlympiA: A phase III, multicenter, randomized, placebo-controlled trial of adjuvant olaparib after (neo)adjuvant chemotherapy in patients with germline BRCA1/2 mutations and high-risk HER2-negative early breast cancer. Clin Oncol 39, 2021 (suppl 15;  abstr LBA1). DOI:10.1200/JCO.2021.39.15_suppl.LBA1. 
    https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2105215?query=featured_home  

 

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