Novo estudo mostra forte associação entre amamentação e redução de risco de câncer de mama em pacientes com síndrome de Li-Fraumeni - Oncologia Brasil

Novo estudo mostra forte associação entre amamentação e redução de risco de câncer de mama em pacientes com síndrome de Li-Fraumeni

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Um estudo publicado no European Journal of Cancer avaliou fatores de risco associados ao câncer de mama em pacientes com síndrome de Li-Fraumeni (SLF), uma condição rara, autossômica dominante, que predispõe ao desenvolvimento de múltiplas neoplasias ao longo da vida. A síndrome é causada prioritariamente por mutações germinativas no gene TP53, sendo particularmente importante no cenário brasileiro, no qual a variante patogênica R337H desse gene chega a ser encontrada em até 0,3% da população.

Os fatores reprodutivos são comumente associados a maior proteção ou a risco aumentado para aparecimento de tumores de mama na população geral e mesmo nas pacientes com mutações patogênicas em BRCA1/2, nas quais que se nota uma redução de 32% no risco desse câncer naquelas que amamentaram por pelo menos 12 meses. No entanto, essa associação ainda não era bem conhecida na população de mulheres com SLF.

O novo estudo, capitaneado pela Dra. Maria Isabel Achatz e por outros pesquisadores do National Cancer Institute, avaliou dados de 152 mulheres com SLF, das quais 85 apresentavam diagnóstico prévio de câncer de mama. Os resultados mostram que a amamentação é fator protetor contra tumores de mama nessas pacientes, com reduções de risco mais significativas nas mulheres que amamentaram por no mínimo 7 meses (HR: 0,57; p = 0,05).

A nuliparidade, por outro lado, não se correlacionou a aumento na incidência de neoplasias de mama, nem o número de gestações ao longo da vida pareceu influenciar esse risco. Houve, no entanto, um aumento marginal de risco nas mulheres que tiveram o primeiro filho após os 30 anos de idade (HR: 2,14; IC 95%: 0,99–4,6; p = 0,05). A idade da menarca e o uso de contraceptivos orais não pareceram afetar o risco de câncer de mama.

Esses dados requerem confirmação de estudos prospectivos, mas podem auxiliar no futuro a orientação das pacientes com SLF e ajudar no seu aconselhamento e nas escolhas quanto a gestações e cirurgias redutoras de risco. O estudo brasileiro foi concluído em colaboração com o NII e você pode conferir o conteúdo do trabalho original aqui.