O estudo MATISSE: uso da imunoterapia em carcinoma espinocelular cutâneo oferece novas perspectivas para cirurgias curativas extensas e mutilantes - Oncologia Brasil

O estudo MATISSE: uso da imunoterapia em carcinoma espinocelular cutâneo oferece novas perspectivas para cirurgias curativas extensas e mutilantes

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O estudo de clínico randomizado de fase II, MATISSE, demostra o uso do Nivolumab combinado ou não com o Ipilimumab neoadjuvante, a cirurgia em pacientes com carcinoma espinocelular cutâneo locoavançados.  

O estudo apresentou benefício na resposta patologia, e nove pacientes que fizeram uso de duas infusões da imunoterapia apresentaram remissão completa, sem a necessidade da realização de cirurgia. 

 

O carcinoma espinocelular cutâneo (CEC) é o segundo câncer de pele não melanoma mais comum e é responsável por 20% de todas as mortes por câncer de pele. O tratamento dessa doença limitada é baseado na remoção cirúrgica simples ou tratamentos tópicos (fluorouracil, imiquimod) e crioterapia. Em casos de lesões avançadas o tratamento é realizado por ressecção cirúrgica mais extensa com ou sem a radioterapia concomitante. Em torno de 5% dos CEC são irressecáveis, ou apresentam metástase linfonodal, ou metástase à distância. O tratamento para CEC locoavançados consiste em cirurgia extensa e mutilante, muitas vezes com radioterapia (RT) adjuvante. Assim, o estudo MATISSE (NCT04620200) de ensaio clínico de fase II testou a eficácia do nivolumab neoadjuvante (NIVO) e nivolumab mais ipilimumab (COMBO) em pacientes com CEC com indicação de cirurgia extensa com ou sem RT adjuvante. 

O estudo contou com 40 pacientes com tumores em vários estadiamentos clínicos e sem metástases à distância (MO) de CEC, como indicação para remoção cirúrgica extensa e/ou mutilante. Os pacientes foram randomizados em dois grupos:  ARM A: NIVO (3 mg/kg, semanas 0 e 2, N = 26) ou ARM B: NIVO (3 mg/kg, semanas 0 e 2) + IPI (1 mg/kg, semana 0, N = 24) antes à cirurgia. O endpoint primário do estudo foi a reposta patológica significativa (RPS) no momento da cirurgia, que foi definida como como ≤10% de células cancerígenas residuais viáveis no espécime de ressecção cirúrgica. O endpoint secundário foram avaliados pelos eventos adversos (Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE v.5.0), sobrevida e qualidade de vida. O estudou contou com análises de amostras tumorais pré e trans-tramaneto para investigação de características imunogenômicas correlacionadas a resposta à imunoterapia. 

Os investigadores trazem na ASCO-2023 os resultados preliminares. Foram incluídos 50 pacientes com idade média de 76 anos, dos quais 32% com TXN1-3M0. Eventos adversos de grau 3-4 foram relatados em 6 (12%) dos casos e foram bem controlados. A cirurgia concomitante a radioterapia foi realizada em 40 pacientes, dos quais 40% e 53% atingiram uma RPS após o tratamento com o NIVO e COMBO, respectivamente. 10 paciente retiraram o consentimento para se submeter à cirurgia e radioterapia, dos quais 9 pacientes apresentaram remissão clínica substancial após a imunoterapia neoadjuvante. Esses pacientes tiveram a resposta clínica confirmada por PET-CT após 4 semana. Os pacientes que tiveram remissão da doença, apresentam uma sobrevida livre de câncer média de 12 meses (4-27 meses), com qualidade de vida superior aos pacientes do MATISSE submetidos ao tratamento padrão. Por fim, o estudo mostrou RPS em 13/26 (50%) dos pacientes do grupo NIVO e 14/23 (61%) dos pacientes do grupo COMBO. 

Os resultados do estudo MATISSE demonstraram que o uso da neoadjuvancia do NIVO e COMBO melhorou as taxas de resposta patológica com 50% e 61%, respectivamente. Os eventos adversos apresentados pelos pacientes tiveram toxicidades bem controladas. Além disso, nove pacientes obtiveram remissão completa e duradoras do CEC, demostrando que duas infusões da imunoterapia podem levar a remissão da doença, sem cirurgias curativas extensas ou mutilantes e/ou radioterapia. 

 

Referências:  

  1. Zuur, C. L et al., Towards organ preservation and cure via 2 infusions of immunotherapy only, in patients normally undergoing extensive and mutilating curative surgery for cutaneous squamous cell carcinoma: An investigator-initiated randomized phase II trial—The MATISSE trial. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 9507). 10.1200/JCO.2023.41.16_suppl.9507 
  2. ClinicalTrials.gov [Internet] Baltimore (MD): National Library of Medicine (US); 2000. Feb 29, [Accessed April 15,2021]. Identifier NCT04620200, Neo-adjuvant Nivolumab or Nivolumab With Ipilimumab in Advanced Cutaneous Squamous Cell Carcinoma Prior to Surgery (MATISSE); 2020, November 6. https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT04620200 . 
  3. Alberti and Boss, 2022. Immunotherapy for Cutaneous Squamous Cell Carcinoma: Results and Perspectives. Front. Oncol., 05 January 2022 Sec. Skin Cancer. Volume 11 – 2021 | https://doi.org/10.3389/fonc.2021.727027 

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