O Impacto da Mastectomia Bilateral na Sobrevivência de Mulheres com Câncer de Mama e Mutação BRCA1 - Oncologia Brasil

O Impacto da Mastectomia Bilateral na Sobrevivência de Mulheres com Câncer de Mama e Mutação BRCA1

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Estudo apresentado na SABCS® 2023 demonstra que há o dobro do risco de mortalidade ao se desenvolver câncer de mama contralateral, reforçando a importância estratégica da mastectomia bilateral, mas com reservas sobre a necessidade de monitoramento prolongado

 

A mutação BRCA1 tem consistentemente sido associada a um aumento substancial no risco de câncer de mama contralateral em mulheres que já tiveram um câncer de mama unilateral. Essa predisposição genética torna as mulheres com câncer de mama e uma mutação no gene BRCA1 mais propensas a desenvolverem câncer em ambos os seios. Estes riscos levam a uma abordagem preventiva, envolvendo a remoção bilateral dos seios por meio de mastectomia, acreditando-se que isso reduza significativamente o risco de desenvolver câncer na mama contralateral. No entanto, mais estudos sobre o impacto da mastectomia bilateral na mortalidade por câncer de mama necessitam apresentar evidências substanciais, considerando as implicações emocionais e psicológicas para as pacientes. 

Um estudo apresentado no SABCS® 2023 explorou a relação entre mulheres com câncer de mama e mutação no gene BRCA1 com o risco de desenvolvimento de câncer de mama contralateral. A coleta de dados foi conduzida em uma grande coorte internacional de mulheres, com a participação de 2482 mulheres de 11 países. A pesquisa identificou que, entre as pacientes que optaram por mastectomia unilateral ou lumpectomia, o risco de câncer contralateral em 20 anos atingiu 27,5%. O dado mais alarmante revelou que mulheres com mutação no BRCA1 e câncer de mama que desenvolveram câncer de mama contralateral apresentam o dobro do risco de mortalidade em comparação com aquelas que não desenvolveram câncer de mama contralateral (2,14). 

Em relação aos dados de sobrevida, observou-se uma pequena redução na mortalidade para aquelas que escolheram mastectomias bilaterais como tratamento inicial. A sobrevida específica de 15 anos para câncer de mama na coorte total foi de 82,9%, mas para as diferentes cirurgias realizadas, o dado foi ligeiramente superior para as pacientes submetidas a mastectomia bilateral (88,7%), em comparação com aquelas que optaram por mastectomia unilateral (78,7%) ou lumpectomia (86,2%). O estudo indicou uma razão de risco para mortalidade por câncer de mama entre cirurgia bilateral versus unilateral de 0,78, sugerindo uma tendência em direção à redução da mortalidade para aquelas que optam por mastectomias bilaterais como tratamento inicial. Contudo, ressalta-se que o estudo aponta a falta de significância estatística para essa diferença, o e os autores afirmam que a coorte exigirá um acompanhamento mais longo para resultados definitivos.  

Os resultados do estudo contribuem para a compreensão da influência da mutação BRCA1 no desenvolvimento de câncer de mama contralateral e na sobrevida. Apesar da ausência de significância estatística, a tendência de redução na mortalidade é clinicamente relevante e sugere que a cirurgia bilateral pode ter um impacto positivo na sobrevida. Ressalta-se a necessidade de acompanhamento a longo prazo para conclusões definitivas e ajustes para fatores como idade, tamanho do tumor e quimioterapia foram considerados, embora outras variáveis possam influenciar os resultados. Em última análise, o estudo reforça a importância de um diálogo aberto entre médicos e pacientes sobre os riscos e benefícios associados a diferentes abordagens cirúrgicas. 

 

Referências

GS02-04 – Surgical Treatment of Women with Breast Cancer and a BRCA1 Mutation: An International Analysis of the Impact of Bilateral Mastectomy on Survival. SABCS® 2023. 

 

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