Resultados provenientes do ensaio clínico de fase III ISG-STS 1001 demonstram eficácia de tratamento pré-cirúrgico com epirrubicina, isofosfamida e radioterapia para o manejo de sarcomas de partes moles do tronco
Nos últimos anos, diversos ensaios clínicos demonstraram o benefício da quimioterapia (QT) neoadjuvante no tratamento de sarcomas de partes moles com alto risco de recidiva, sendo estabelecido o tratamento de escolha em três ciclos com intervalos de 21 dias com epirrubicina (60mg/m2/dia), nos dois primeiros dias, em associação com isofosfamida (3mg/m2/dia) nos três primeiros dias.
O ensaio clínico de fase III ISG-STS 1001 buscou comparar a eficácia dessa abordagem com regimes quimioterápicos específicos, administrados de acordo com a histologia tumoral (histology-tailored regimens). Os resultados finais do estudo, publicados no ano de 2020, demonstram que o tratamento com epirrubicina e isofosfamida promoveu maior sobrevida global, sugerindo que essa combinação deveria continuar sendo a terapia de escolha no manejo clínico desses tumores.
Durante o desenvolvimento desse ensaio clínico, os pacientes receberam radioterapia (RT) pré ou pós-operatória de acordo com o julgamento clínico. No congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO)® de 2023, os autores reportaram dados relativos ao uso de RT pré ou pós-cirúrgica no braço de estudo recebendo epirrubicina e isofosfamida em neoadjuvância. Para essa análise, foram considerados 289 pacientes recebendo esse regime quimioterápico, dos quais 146 receberam radioterapia pré-cirúrgica e 143 receberam radioterapia após a cirurgia.
Não foram observadas diferenças significativas de toxicidade entre os grupos. Em relação a complicações pós-cirúrgicas, os pacientes que receberam a combinação entre QT e RT neoadjuvante tiveram maior incidência de seromas quando comparados ao grupo que recebeu apenas QT (10,5% vs 3%, P = 0,009). Entretanto, os pacientes que receberam RT pré-cirúrgica apresentaram maior taxa de resposta parcial (19%) do que aquela observada em pacientes recebendo apenas QT neoadjuvante (10%, P = 0,041).
Dessa forma, os autores concluem que o uso concomitante de radioterapia e quimioterapia com epirrubicina e isofosfamida em neoadjuvância é uma abordagem segura e eficaz, com potencial para auxiliar na redução tumoral pré-cirúrgica visando preservação de função, assim como pacientes à margem da possibilidade de ressecção.
Referência: Palassini et al. A phase III randomized trial of neo-adjuvant chemotherapy in high-risk soft tissue sarcoma (ISG-STS 1001): Feasibility and activity of concurrent chemotherapy and radiation therapy. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 11506). Doi: 10.1200/JCO.2023.41.16_suppl.11506
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