Análise detalhada dos eventos adversos e segurança da terapia de manutenção
O câncer de ovário recorrente continua sendo um desafio clínico significativo, especialmente em pacientes com mutação nos genes BRCA, que apresentam maior risco de progressão da doença. O olaparibe, um inibidor da PARP, tem sido amplamente estudado como terapia de manutenção para retardar a recidiva tumoral e melhorar os desfechos clínicos. O estudo SOLO2/ENGOT-Ov21 (NCT01874353) teve como objetivo avaliar a segurança e os eventos adversos (AEs) associados ao uso de olaparibe na manutenção de pacientes com câncer de ovário recorrente.
O estudo SOLO2/ENGOT-Ov21 foi um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, que comparou o olaparibe com placebo em pacientes com câncer de ovário sensíveis à quimioterapia com platina. Foram analisados os eventos adversos ocorridos no grupo placebo, permitindo uma compreensão aprofundada da segurança do tratamento. Os eventos adversos foram categorizados por gravidade, durabilidade e recorrência. Também foram avaliadas correlações entre fatores basais, como idade e status de desempenho, e a ocorrência de eventos adversos.
No total, 788 eventos adversos foram reportados em 95 dos 99 participantes do grupo placebo. A maioria desses eventos foi de baixa gravidade (76% grau 1 e 19% grau 2), mas 22% dos participantes apresentaram eventos adversos de grau 3, 4 ou 5. A mediana do número de eventos por participante foi sete, e apenas quatro indivíduos (4%) não apresentaram nenhuma reação adversa. Em relação às complicações mais graves, 22% dos participantes tiveram eventos adversos de grau 3 ou superior, sendo, os mais comuns, dor abdominal, obstrução intestinal, neutropenia, anemia e constipação. Um caso de leucemia mieloide aguda foi relatado no seguimento do estudo, sendo considerado improvável que estivesse relacionado ao tratamento.
Eventos adversos de grau 2 ou superior persistentes por mais de 100 dias ocorreram em 21% dos participantes. Desses, 29% estavam relacionados a alterações hematológicas, como neutropenia, anemia e trombocitopenia. Sintomas prolongados incluíram fadiga, dor abdominal, constipação e neuropatia periférica. A recorrência de eventos adversos foi observada em 44% dos participantes, sendo fadiga, náusea, dor abdominal e diarreia os mais frequentes. Entre os eventos hematológicos recorrentes, neutropenia e hiperglicemia foram os mais comuns.
Atribuições de causalidade foram analisadas pelos investigadores, e 25% dos eventos adversos foram considerados relacionados ao tratamento. Sintomas como náusea (52%), fadiga (34%) e diarreia (32%) foram os mais frequentemente associados ao placebo. Alterações hematológicas também foram atribuídas ao tratamento, com destaque para neutropenia (88%) e trombocitopenia (50%). Durante a triagem, 16% dos participantes relataram eventos adversos, representando 3% do total de eventos registrados no estudo. Destaca-se que, na maioria dos casos, os eventos recorrentes surgiram após o início da fase de tratamento.
Os achados do estudo SOLO2/ENGOT-Ov21 fornecem uma compreensão detalhada do perfil de segurança do olaparibe como terapia de manutenção. Embora eventos adversos tenham sido frequentes, a maioria foi de baixa gravidade e controlável. O monitoramento hematológico e sintomático é essencial para garantir a adesão ao tratamento e minimizar impactos na qualidade de vida dos pacientes. Esses dados reforçam a importância do acompanhamento médico para otimizar o uso do olaparibe no câncer de ovário recorrente.
Referências:
Francis KE, et. al. Adverse events in the placebo arm of SOLO2/ENGOT-Ov21 maintenance trial of olaparib in recurrent ovarian cancer. Gynecol Oncol. 2025 Jan; 192:50-55. doi: 10.1016/j.ygyno.2024.11.004. Epub 2024 Nov 12. PMID: 39536691.
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